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Número de mortos pela PM do Rio cresce 78% em 2017

O chamado homicídio decorrente de oposição à intervenção policial inclui casos semelhantes ao das pessoas executadas na tarde desta quinta-feira

Rio: em janeiro, foram 98 mortos; já em janeiro de 2016, 53. Em fevereiro, o crescimento ante 2016 foi de 49 para 84 (PMERJ/Divulgação)

Rio: em janeiro, foram 98 mortos; já em janeiro de 2016, 53. Em fevereiro, o crescimento ante 2016 foi de 49 para 84 (PMERJ/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 31 de março de 2017 às 13h41.

Rio - O número de mortos em ações policiais no Rio de Janeiro subiu 78% nos dois primeiros meses deste ano, de 102 para 182, em relação ao mesmo período de 2016.

Em janeiro, foram 98 mortos; já em janeiro de 2016, 53. Em fevereiro, o crescimento ante 2016 foi de 49 para 84. Os dados são do Instituto de Segurança Pública (ISP), do Estado, e foram divulgados nesta semana.

O chamado homicídio decorrente de oposição à intervenção policial inclui casos semelhantes ao dos supostos traficantes executados a tiros de fuzil na tarde desta quinta-feira, 30, por dois PMs na Pavuna, na zona norte da capital fluminense.

Eles foram mortos em frente à Escola Municipal Daniel Piza, onde estudava a menina Maria Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, assassinada na ação quando fazia uma aula de Educação Física. O corpo dela será enterrado nesta sexta-feira, 31. A família pretende processar o Estado.

"Como é que foi uma bala perdida, se há quatro perfurações no corpo da minha irmã? Foi uma execução: executaram bandidos e executaram a minha irmã", disse o irmão dela, Uidsom Alves Ferreira.

Segundo a PM, no momento em que Maria Eduarda foi baleada, policiais e bandidos se enfrentavam no Conjunto Habitacional Fazenda Botafogo, próximo à escola. Ainda não se sabe se o disparo que a matou saiu da arma de um PM ou de um dos traficantes.

Os PMs, do 41º Batalhão (Irajá), ficarão presos no batalhão prisional da PM em Niterói, no Grande Rio.

O ISP divulgou que a letalidade violenta, que compreende também homicídios dolosos, roubos seguidos de morte e lesões corporais seguidas de morte, registrou aumento de 28,1% em 2017 em relação a 2016 (foram 616 casos, ante 481).

Estratégia

No fim do ano passado, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, ao avaliar os já crescentes índices de violência no Estado, mesmo em ano de Olimpíada na capital, disse que estava projetando ações efetivas com emprego de menos recursos.

Os números subiram no contexto da crise financeira do Estado, que vem atrasando os salários e benefícios de policiais, e que fez com que a Polícia Civil entrasse em paralisação parcial desde o começo do ano.

Na ocasião, o secretário disse que os PMs que cometem abusos devem ser punidos com rigor e, fazendo um prognóstico para 2017, afirmou que era urgente regularizar os salários.

"Se os policiais estiverem recebendo salário em dia, tenho otimismo de que a gente pode tentar reduzir a violência. E meu planejamento é para reverter essa tendência de elevação dos índices e começar a tendência de queda. Não vou sentar sobre um cenário de crise e deixar as coisas acontecerem", disse.

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