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Número de jovens nem-nem cai para 10,3 milhões, o menor já registrado

Ainda assim, 21,2% dos brasileiros que têm entre 15 e 29 anos não estudam nem trabalham. Nos domicílios mais pobres, percentual chega à metade

 (Wikimedia Commons/Divulgação)

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Agência o Globo
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Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 10h29.

O Brasil registrou, no ano passado, o menor número de jovens entre 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham desde o início da série histórica, em 2012. São 10,3 milhões de brasileiros nessa situação, o equivalente a 21,2% da população dessa faixa etária, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira.

Segundo o instituto, o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento do número de jovens que nas escolas no período pós-pandemia ajudam a explicar boa parte do resultado. Há também um efeito de mudanças demográficas. Diminuiu a parcela de jovens na composição da população brasileira.

"Aqueles que têm oportunidade tanto de trabalhar quanto de acessar o sistema de ensino não ficam sem estudar", explica Denise Freire, analista da pesquisa.

O cenário de 2023 está mais próximo do observado entre 2012 e 2014 e melhor do que no período pré-pandemia, de 2016 a 2019, destacou o IBGE na pesquisa.

Mulheres e pobres são maioria entre os nem-nem

Apesar da redução dos chamados nem-nem, a pesquisa ainda revela dois desafios. Além da permanência de taxas superiores a 20% desde o início da série histórica, mulheres e jovens de famílias mais pobres continuam sendo os mais afetados.

Nos domicílios mais pobres, ou seja, os 10% com as menores rendas, quase metade dos jovens (49,3%) ainda estava fora do mercado de trabalho e de instituições de ensino no ano passado. O número é 7,5 vezes maior do que o observado nos lares do topo da distribuição de renda.

Entre os 10% mais ricos, a taxa é de apenas 6,6%. Essa desigualdade ainda se ampliou em relação a 2022, quando a diferença era de sete vezes.

O estudo aponta que as taxas de nem-nem aumentaram entre os mais pobres enquanto houve redução entre jovens das classes médias. Se comparar com 2012, a taxa de nem-nem aumentou entre os mais pobres de 42,1% para 49,3%.

Dos 10,3 milhões de jovens nem-nem em 2023, 6,7 milhões eram mulheres (65%). Já os homens representavam 35% (3,6 milhões). Em termos percentuais, a taxa de mulheres nessa situação (27,9%) era quase o dobro da dos homens (14,7%).

As mulheres negras ou pardas são as que mais enfrentam desafios de inserção no trabalho e nos estudos. Havia 4,6 milhões dessas jovens nessa condição, uma queda de apenas 1,6% entre 2022 e 2023, quando passaram a representar 45,2% do total de nem-nem - maior percentual da série.

Já as mulheres brancas, que somavam 1,9 milhão, tiveram uma redução de 11,9% no mesmo período. E os homens pretos ou pardos, 9,3%.

Cuidados e afazeres domésticos limitam participação feminina

O IBGE cita que a realidade brasileira é parecida com a de países da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em que a atividade dos jovens está fortemente relacionada ao gênero.

De acordo com o instituto, as mulheres tendem a ser maioria entre os nem-nem por conta de fatores culturais e estruturais que não dependem da situação do mercado de trabalho em si. Os afazeres domésticos e os cuidados de parentes representam o principal motivo para elas estarem nesta condição:

"Isso as impede de ir em busca de uma colocação no mercado de trabalho devido à falta de rede de apoio, além de oferta adequada de creches públicas e asilos ou centros de lazer para pessoas idosas", pontuou o instituto, no estudo.

O indicador que mede os jovens nem-nem engloba dois grupos: aqueles que, apesar de não estudarem, buscam trabalho e estão disponíveis para trabalhar – e aqueles que, além de não estudar, estão fora da força de trabalho.

Neste segundo grupo, são jovens que não tomaram providências para conseguir emprego ou que, mesmo tendo buscado trabalho, não estavam disponíveis para assumir uma ocupação.

 

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