Vaticano: O catolicismo caiu e os evangélicos foram o segmento religioso que mais cresceu no Brasil no período entre os censos (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2012 às 10h00.
São Paulo - A população brasileira continua sendo majoritariamente católica, mas o número de pessoas que segue a religião está em queda desde que foi realizado o primeiro censo, em 1872. Naquele ano, 99,7% da população era católica. Em 2010, o número caiu para 64,6%, de acordo com dados do Censo do IBGE divulgados hoje.
A redução vem se acelerando. Até 1970, a proporção de católicos variou 7,9 pontos percentuais, caindo dos 99,7%, em 1872, para 91,8%. Entre 2000 e 2010 a redução foi de 9 pontos percentuais. Em 2000, data do último censo, 73,6% da população havia se declarado católica.
Os evangélicos foram o segmento religioso que mais cresceu no Brasil no período entre os censos (entre 2000 e 2010). Em 2000, eles representavam 15,4% da população. Em 2010, chegaram a 22,2%, o equivalente a 42,3 milhões de pessoas.
Os espíritas passaram de 1,3% da população em 2000 para 2,0% em 2010 (o equivalente a 3,8 milhões de pessoas), o aumento mais expressivo foi observado na região sudeste, cuja proporção passou de 2,0% para 3,1% no período.
O número de pessoas que se declarou sem religião também aumentou no período, passando de 7,3% do total em 2000 para 8,0% (pouco mais de 15 milhões). Os adeptos da umbanda e do candomblé mantiveram-se em 0,3% em 2010.
Regiões
A redução no número de Católicos ocorreu em todas as regiões, mantendo-se mais elevada no Nordeste (de 79,9% para 72,2% entre 2000 e 2010) e no Sul (de 77,4% para 70,1%). A maior redução ocorreu no Norte, de 71,3% para 60,6% - nessa região os evangélicos aumentaram sua representatividade de 19,8% para 28,5%.
Entre os estados, o menor percentual de católicos foi encontrado no Rio de Janeiro, com 45,8%. O maior percentual foi o do Piauí, com 85,1%. Em relação aos evangélicos, em 2010, a maior concentração estava em Rondônia (33,8%), e a menor no Piauí (9,7%). O estado com maior proporção de espíritas foi o Rio de Janeiro, com 4,0%, seguido de São Paulo (3,3%), Minas Gerais (2,1%) e Espírito Santo (1,0%).
Idade
A proporção de católicos foi maior entre as pessoas com mais de 40 anos, chegando a 75,2% no grupo com 80 anos ou mais. O mesmo se deu com os espíritas, cuja maior proporção estava no grupo entre 50 e 59 anos (3,1%). Já entre os evangélicos, os maiores percentuais foram verificados entre as crianças (25,8% na faixa de 5 a 9 anos) e adolescentes (25,4% no grupo de 10 a 14).
Quanto a cor/raça, as proporções de católicos seguem uma distribuição próxima à do conjunto da população: 48,8% deles se declaram brancos, 43,0%, pardos, 6,8%, negros, 1,0%, amarelos e 0,3%, indígenas. Entre os espíritas, há uma diferença maior: 68,7% eram brancos - enquanto no total da população os brancos equivalem a 47,5%.
Entre os evangélicos, a maior proporção era de pardos (45,7%). A maior representatividade de negros foi verificada na umbanda e candomblé (21,1%). No grupo dos sem religião, a declaração de cor mais presente também foi parda (47,1%).
Os católicos e os sem religião apresentaram mais declarantes do sexo masculino. Nos demais grupos, as mulheres foram maioria.
Indicadores
O grupo dos espíritas possui a maior proporção de pessoas com nível superior completo (31,5%) e as menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%). Os católicos (6,8%), os sem religião (6,7%) e evangélicos pentecostais (6,2%) são os grupos com as maiores proporções de pessoas de 15 anos ou mais de idade sem instrução. Em relação ao ensino fundamental incompleto são também esses três grupos de religião que apresentam as maiores proporções .
Os católicos e os sem religião foram os grupos que tiveram os maiores percentuais de pessoas de 15 anos ou mais de idade não alfabetizadas (10,6% e 9,4%, respectivamente). Entre a população católica é proporcionalmente elevada a participação dos idosos, entre os quais a proporção de analfabetos é maior, segundo o IBGE. No grupo dos espíritas, apenas 1,4% não são alfabetizados.
Os dados de educação podem ter refletido na renda. O grupo de evangélicos pentecostais concentra a maior proporção de pessoas que recebem até 1 salário mínimo, 63,7%, seguidos pelos sem religião, 59,2%. Já nas classes de rendimento acima de 5 salários mínimos, destaca-se o percentual observado para as pessoas que se declararam espíritas (19,7%).