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Número de armas nas mãos de civis no Brasil aumenta 26% em 2022, aponta Anuário

O registro de armas de fogo ativos no SINARM/Polícia Federal passou de 1.994.891 em 2021 para 2.300.178 em 2022

Man carrying a gun to rob the money. (Natnan Srisuwan/Getty Images)

Man carrying a gun to rob the money. (Natnan Srisuwan/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 20 de julho de 2023 às 10h34.

Última atualização em 20 de julho de 2023 às 11h43.

O Brasil registrou um aumento de 26% no número de armas de fogo nas mãos de civis em 2022, segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgadas nesta quinta-feira, 20, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O registro de armas de fogo ativos no SINARM/Polícia Federal passou de 1.994.891 em 2021 para 2.300.178 em 2022. Em 2017, o número era de 637.972, o que representa um aumento de mais de 350% nos últimos cinco anos.

O certificado de registro ativos para as atividades de caçador, atirador esportivo e colecionador (CAC) subiu para 783.385. Entre 2018 e 2022, foi observado um crescimento de 665.918 certificados, visto que em 2018, o Brasil tinha 117.467 CACs ativos.

As armas de fogo seguem como o principal instrumento utilizado para matar no Brasil.Segundo o documento, 76,5% dos homicídios foram praticados com uso de revólver.

Os dados se baseiam em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da área da segurança pública. A publicação é considerada uma importante ferramenta para a transparência e a prestação de contas na área.

Qual o número de armas no Brasil?

Política de controle de armas

Segundo os pesquisadores do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, David Marques e Roberto Uchôa, a tendência de aumento de armas de fogos nas mãos de civis teve início no governo Temer, com a liberação do porte de trânsito, e intensificado na gestão Jair Bolsonaro.

Em decretos editados ainda no primeiro semestre, em 2019, o governo modificou a classificação de calibres para permitir que a população adquirisse armas que eram de uso restrito a forças de segurança e militares, pistolas calibre 9mm e revólveres calibre 357 passaram a ser de fácil acesso, incluindo alguns modelos de fuzis.

Além disso, o limite de armas e munições que poderiam ser adquiridas foi aumentado de forma exponencial. Um atirador desportivo sozinho poderia adquirir até 60 armas de fogo, sendo 30 de calibres permitidos e 30 de calibres restritos. Como exemplo, um único atirador poderia adquirir 30 pistolas calibre 9mm e 30 fuzis calibre 7.62. De acordo com os pesquisadores, a quantidade liberada é maior que a maioria dos batalhões de polícia militar e delegacias existente no país.

"Foram 4 anos de aumento no número de CAC, de armas em circulação, do número de clubes de tiro e de lojas de armas, além da quantidade de munições em circulação, enquanto isso o investimento em  fiscalização e controle foi inexistente", afirmaram.

Os pesquisadores afirmam que no inicio do ano, o novo governo puxou um freio de arrumação para a reconstrução da política de controle de armas no país, e que é necessário um novo marco normativo para paralisar o "descontrole" do armamento no Brasil.

"O melhor regramento das categorias com acesso privilegiado a armas, sobretudo os CAC, e sua gestão não mais pelo Exército, mas, sim, pela Polícia Federal, maiores investimentos nesta instituição para que possa brevemente modernizar seus sistemas e bancos de dados, assim como ampliar suas ações de fiscalização, além da reclassificação de certos calibres, como 9mm e .40, à lista de calibres restritos, são algumas das mudanças que poderiam trazer mais racionalidade à política de controle de armas e que muito beneficiariam a segurança pública do país", afirmam.

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