Brasil

Novo Plano Diretor põe 1/4 de São Paulo como zona rural

A expectativa é de que o projeto de revisão da lei que dita as regras do uso e ocupação do solo em toda a cidade seja votado antes do início da Copa do Mundo


	Parelheiros: ideia de recriação da zona rural é limitar parcelamento do solo em uma área de 219 km² nos distritos de Parelheiros, Grajaú e Marsilac
 (Reprodução/Google Street View)

Parelheiros: ideia de recriação da zona rural é limitar parcelamento do solo em uma área de 219 km² nos distritos de Parelheiros, Grajaú e Marsilac (Reprodução/Google Street View)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de março de 2014 às 16h31.

São Paulo - Na tentativa de preservar o que resta das áreas verdes públicas e particulares da cidade, o novo Plano Diretor de São Paulo pretende recriar, após 12 anos, uma zona rural com regras de adensamento mais restritivas em praticamente um quarto do território paulistano.

Também quer permitir a transferência de potencial construtivo de terrenos arborizados que podem virar parques e propõe o pagamento em dinheiro aos donos de propriedades que prestam serviços ambientais ao Município.

As propostas estão no substitutivo que o relator do Plano Diretor, vereador Nabil Bonduki (PT), vai apresentar nesta semana à Câmara Municipal.

A expectativa é de que o projeto de revisão da lei que dita as regras do uso e ocupação do solo em toda a cidade seja votado antes do início da Copa do Mundo, em junho. A versão original foi enviada ao Legislativo em setembro pelo prefeito Fernando Haddad (PT).

A ideia de recriação da zona rural, extinta pelo plano vigente aprovado em 2002 na gestão Marta Suplicy (PT), é limitar o parcelamento do solo em uma área de 219 km² nos distritos de Parelheiros, Grajaú e Marsilac, extremo da zona sul da capital. Com quase 27 mil moradores, ela fica majoritariamente nas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) Capivari e Bororé, mas inclui franjas onde há atividades urbanas permitidas pela lei atual.

Ao transformar todo esse território em zona rural, a exigência mínima para loteamento de terrenos sobe dos atuais 7,5 mil metros quadrados para 20 mil metros quadrados. "A ideia do substitutivo é conter a expansão horizontal da cidade e fazer essas áreas serem melhor utilizadas, criando emprego e renda com atividades que garantam a preservação do meio ambiente, como a agricultura orgânica e o ecoturismo", disse Bonduki.

Segundo o cadastro da supervisão de abastecimento da Prefeitura de São Paulo, há hoje na região 316 propriedades rurais. A ideia é que a localidade receba, por exemplo, novos produtores de alimentos e hotéis-fazenda, levando emprego sem comprometer o ecossistema no local, que concentra os afluentes da Represa do Guarapiranga, responsável pelo abastecimento de água para 20% da Região Metropolitana.

"Esse é o conceito de zona rural moderna. Além das atividades estritamente rurais, você permite a exploração sustentável da terra", disse Bonduki.


Somando os 226 quilômetros quadrados de parques já existentes na cidade, como Cantareira e Jaraguá, na zona norte, e Serra do Mar, zona sul, onde não há moradias e são permitidos apenas atividades de pesquisa, educação e turismo, a nova zona rural compreenderá quase 30% de todo território paulistano e menos de 1% da população.

O substitutivo também cria uma macroárea chamada Controle e Qualificação Urbana e Ambiental, que compreende distritos altamente adensados dentro da macrozona de preservação.

A maioria deles fica na zona sul, como Cidade Dutra, Jardim Ângela e Socorro, também em áreas de mananciais. Lá, o parcelamento do solo continuará sendo a partir de 250 metros quadrados², mas, segundo o relator do Plano Diretor, haverá restrições nas regras para novas construções para aumentar a permeabilidade do solo.

Ambiente

"Um grande avanço do substitutivo é incorporar no Plano Diretor as diretrizes da Política de Mudanças Climáticas aprovada tanto no Estado como no Município", disse Bonduki.

Segundo ele, a essência de todo o projeto é reequilibrar o desenvolvimento da cidade, que viu o centro expandido perder 500 mil habitantes nos últimos 20 anos, enquanto o crescimento se deu na periferia carente de infraestrutura. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasLegislaçãoMeio ambienteSustentabilidadeTerras

Mais de Brasil

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições

Barroso diz que golpe de Estado esteve 'mais próximo do que imaginávamos'