Aécio: ele mencionou que a corrupção chegou a níveis nunca antes atingidos no país (George Gianni/PSDB)
Da Redação
Publicado em 5 de novembro de 2014 às 16h48.
Brasília - O candidato derrotado à Presidência da República, senador Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou nesta quarta-feira que qualquer tentativa de conversa entre o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e a oposição está condicionado à investigação e à punição das denúncias de corrupção que atingem a Petrobras.
Em pronunciamento de meia hora da tribuna do Senado, o tucano disse que os governos do PT foram "intolerantes" durante 12 anos e agora defendem o diálogo.
Ele disse que é preciso saber se as propostas do governo atendam as necessidades dos brasileiros.
"Qualquer diálogo tem que estar condicionado ao aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção do país conhecido como petrolão", afirmou, quando foi efusivamente aplaudido em plenário.
Segundo o tucano, o esquema só veio à tona porque não foi possível abafar os delatores do esquema da Petrobras.
Aécio disse que esconder e camuflar foi a tônica do atual governo, embora não tenha conseguido esconder a corrupção.
Ele mencionou que a corrupção chegou a níveis nunca antes atingidos no país.
Aécio Neves disse ainda que o governo escondeu que havia a urgência da necessidade de se fazer ajustes econômicos.
Citou que, dias depois da eleição, houve um aumento da taxa básica de juros da economia e deu aval para reajuste do preço dos combustíveis.
Durante a campanha, ele lembrou que Dilma negava que havia a alta de preços e a carestia.
Na quarta-feira da semana passada (29), em uma decisão totalmente inesperada, o Banco Central decidiu elevar a taxa básica de juros, para 11,25% ao ano, na primeira ação depois da reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Desde abril, a Selic estava em 11,00% ao ano. No comunicado que se seguiu à decisão, a diretoria da instituição avaliou que seria oportuno ajustar as condições monetárias para garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016.
Após reconhecer a derrota das urnas, o tucano destacou os "mais pobres" e os nordestinos no discurso.
Ele criticou o fato de que o a campanha de Dilma tentou dividir o país entre ricos e pobres.
"Travamos nessas eleições uma disputa desigual, em que os detentores do poder usaram despudoradamente o aparato estatal para se perpetuarem por mais quatro anos", afirmou o tucano.
O tucano disse ter se colocado nos últimos meses como alternativa de um estado mais eficaz e moderno.
Disse ainda que propôs a reaproximação do Brasil com o resto do mundo, ao qual "demos as costas".
"E que hoje os brasileiros convivem com um modelo econômico estagnado e pesado".
Aécio disse que subia à tribuna após as eleições com a carga de responsabilidade que teve com a votação e o projeto político do qual faz parte.
Mas criticou, em vários momentos, a candidatura adversária.
"A mentira foi a principal arma. Mentira sobre o passado, para desviar a atenção do presente", afirmou, ao dizer que a oposição foi acusado de propostas que nem sequer fizeram.
Conselhos
Antes do pronunciamento, ele afirmou que irá se empenhar pela derrota do decreto da petista sobre a regulamentação dos conselhos sociais.
"Vamos dar ao decreto bolivariano no Senado o mesmo destino que se deu na Câmara", disse.
Ao ser questionado sobre o uso do termo "bolivarianismo" e se concordava com a expressão, Aécio evitou qualificar a palavra.
O senador disse que o usava porque tinha ouvido mais cedo no ato do PSDB com outros partidos de oposição, realizado em um dos auditórios da Câmara.
Aécio também comentou o voto que recebeu do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), conforme flagrou uma rede de televisão do Amapá.
"Não penalizo o voto do Sarney, não. Ele votou foi no Tancredo. E Tancredo já agradeceu o voto", afirmou.
Derrota
Os deputados rejeitaram, na semana passada, a proposta de Dilma para regulamentar os conselhos de participação popular.
A chegada do projeto ao Senado já causou mal estar entre a base governista e o Palácio do Planalto.
Na semana passada, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que a proposta gerou "insatisfação" no Congresso.