Wilson Witzel: juiz vai encarar Eduardo Paes no segundo turno das eleições para governador no Rio de Janeiro
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2018 às 06h54.
Última atualização em 10 de outubro de 2018 às 08h26.
A ordem para os candidatos que chegaram ao segundo turno nos estados é seguir a estratégia de Jair Bolsonaro (PSL) em âmbito nacional. O capitão reformado do Exército, após o consagrador resultado no primeiro turno, até fez acenos ao centro, com pedidos de união nacional, mas manteve as críticas às urnas eletrônicas e disse que não adotará a postura de “Jairzinho paz e amor”.
Pois não espere, definitivamente, uma postura “paz e amor” de um dos maiores fenômenos eleitorais nos estados, o juiz Wilson Witzel (PSC), que liderou o primeiro turno no Rio. Em vídeo divulgado ontem, o juiz, sem citar nomes, ameaçou dar voz de prisão a seu adversário Eduardo Paes (DEM), durante debate televisivo. “Será a primeira prisão ao vivo”, afirmou. Witzel afirma que está sendo vítima de informações falsas que circulam nas redes sociais, e culpa o adversário. Ameaçou enquadrá-lo no crime de injúria. A OAB-RJ afirmou que não existe a possibilidade de prisão em flagrante por crime de injúria.
Paes negou as acusações, mas afirmou que “ser candidato a governador não é ficar dentro de uma sala de juiz assinando e determinando coisas. Todos temos a obrigação de responder”, segundo a Folha.
Witzel também prometeu processar quem o ligar a um evento no qual estava de fato presente, como mostram imagens: o momento em que um deputado eleito, Rodrigo Amorim, depreda uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco. Witzel aparece ao lado de Rodrigo, discursando. “Não falei em meu discurso sobre a placa, fui surpreendido com sua apresentação e qualquer pessoa que venha a imputar a mim qualquer coisa relativa a ela sofrerá as sanções penais cabíveis”.
Em outro episódio, Witzel afirmou que um dos primeiros atos de um eventual governo será a extinção da secretaria de segurança pública “para evitar a interferência política nos nossos órgãos de policiamento investigativo e ostensivo”, abrindo mão de uma supervisão civil aos órgãos de segurança, uma das principais prerrogativas do governador, sobretudo num estado em situação crítica na segurança como é o Rio de Janeiro. Fora a segurança, Witzel afirmou que uma de suas prioridades é trabalhar para gerar empregos.
Sua estratégia deu certo no primeiro turno, quando fez mais que o dobro dos votos de Paes — 41,28% a 19,56%. Mas a tática de seguir falando grosso tem seu risco. Bolsonaro, afinal, fez 46% das intenções de voto. Witzel precisa conquistar 10 pontos percentuais no segundo turno.