Recife, Pernambuco: centrais sindicais que tradicionalmente fazem atos de forma separada se uniram desta vez em um só evento (Foto/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 1 de maio de 2017 às 14h58.
No Dia do Trabalho, centrais sindicais e movimentos sociais voltaram às ruas hoje (1º), no Recife, para protestar contra as reformas trabalhista e da Previdenciária Social.
O ato foi organizado pelo mesmo grupo que convocou a greve geral da última sexat-feira, no dia 28 de abril. Os manifestantes, em número menor em relação aos atos de sexta-feira, reuniram-se desde as 9h na Praça Oswaldo Cruz, no bairro da Boa Vista, e saíram em caminhada por volta de 11h, sentido Praça do Derby.
"Antes a gente brigava para reduzir a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Hoje estamos brigando para manter a jornada, porque eles querem levar para 48 horas, ou até mesmo ditar 24 horas à disposição da empresa [trabalho intermitente]", diz o presidente estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Carlos Veras.afirma, se referindo a mudanças propostas na reforma trabalhista proposta pelo governo federal, que tramita no Senado Federal depois da sua aprovação na Câmara dos Deputados, no dia 26 de abril.
Centrais sindicais que tradicionalmente fazem atos de forma separada se uniram desta vez em um só evento.
"É bom que veio de baixo, as categorias nos forçaram a unificar. A [reforma] previdenciária já está recuando, eles estão modificando bastante, mas nós queremos que não passe nada. Isto é fruto da luta de cada pessoa em seu local de trabalho e da luta nacional que estamos consagrando com as centrais sindicais", disse o presidente estadual da Central Sindical e Popular/Conlutas e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Hélio Cabral.
Para o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir João Silveira, que esteve na manifestação, as mudanças das reformas prejudicam o trabalhador e tornará mais díficil a resinserção de presos no mercado de trabalho.
"Nós já temos grande dificuldade da pessoa, quando presa, ao sair conseguir emprego. E também da aposentadoria, quando saem já com certa idade. Então vai dificultar muito mais a assistência à pessoa presa e ao trabalho. Se já são vulneráveis no mercado de trabalho, com esta medida não vão ter possibilidade de se encaixar. E nenhum vai conseguir se aposentar", disse o padre Valdir, acrescentando que isso pode impactar os índices de criminalidades.
"Não é que pode ser. É um passo concreto. É matemático o resultado", disse ao ser questionado pela reportagem da Agência Brasil.
O contexto político e social do país foi o que levou a advogada e educadora Luciene Silva de Andrade, de 53 anos, a protestar hoje. Ela contou que participou dos atos pela redemocratização do Brasil, na década de 1980, e apoiou caudads contrários ao impeachment de Dilma Rousseff, mas sem ir às ruas.
"O momento atual, a situação crítica, tem levado a esse sentimento e reflexão da necessidade da gente dizer que não dá para prejudicar os que já vivem tão oprimidos", justifica.
Governo
Em mensagem pelo Dia do Trabalho, divulgada por meio das redes sociais, o presidente Michel Temer disse que a reforma das leis trabalhistas que tramita no Congresso Nacional faz do 1º de Maio deste ano um "momento histórico".
Temer afirmou que a "modernização das leis trabalhistas" criará emprego para os jovens e concederá direitos a trabalhadores que antes não tinham, como os temporários. "Além de mais empregos, o resultado será mais harmonia na relação de trabalho, e, portanto, menos ações na Justiça", disse o presidente.