Recesso: começa oficialmente nesta terça-feira (Antonio Scorza/Getty Images)
EXAME Hoje
Publicado em 17 de julho de 2017 às 03h41.
Última atualização em 17 de julho de 2017 às 08h09.
Depois de semanas de alta octanagem, os próximos dias serão de calmaria no Congresso. A denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva deve ser votada no plenário da Câmara dos Deputados apenas em agosto, quando os parlamentares regressarem do recesso, que começa oficialmente amanhã. As negociações nos bastidores, por sua vez, continuarão a mil.
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A princípio, o governo tem votos suficientes para barrar a denúncia, mas muita coisa pode acontecer nessas duas semanas, inclusive o surgimento de um “fato novo” vindo das delações que estão em curso, de Lúcio Funaro e Eduardo Cunha, que mudaria a maré.
Existe a possibilidade que a oposição não ajude a formar o quórum no dia da votação – são necessários ao menos 342 deputados. O governo, por sua vez, não consegue esse número de parlamentares para despachar logo a denúncia. Há na base, inclusive, quem pense em se aproveitar do impasse e prefira deixar para setembro a votação como forma de retirar o peso político da denúncia. Outras três estariam no forno da Procuradoria Geral da República.
Nas negociações pode sobrar, inclusive, para o PSDB, que está em cima do muro desde que a delação dos executivos do Grupo J&F surgiu. Os tucanos seguem divididos e o Planalto avalia que pode capitalizar melhor se redistribuir os cargos para parlamentares do centrão. Mesmo que isso não aconteça, o governo vai pressionar o partido por mais apoio.
Temer também deve continuar lançando mão das emendas parlamentares como forma de agradar deputados que votam de acordo com suas indicações, como já fez durante a apreciação da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, 39 dos 40 deputados que ajudaram a derrubar o voto de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que pedia a aceitação da denúncia contra o presidente, receberam 266 milhões de reais em emendas.
Segundo a ONG Contas Abertas, foram liberados 102 milhões de reais em emendas entre janeiro e maio e mais de 2,1 bilhões em junho e na primeira semana de julho. Parlamentares da Rede devem apresentar hoje na PGR uma representação pedindo que se investigue a liberação desse dinheiro.