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No Planalto, Pacheco é visto como "antídoto" às críticas de Kassab

Segundo auxiliares do petista, afirmações do presidente do PSD ocorrem em meio à queda de popularidade Lula, têm o objetivo de buscar mais espaço no governo e sinalizar liderança na construção de candidatura alternativa

Rodrigo Pacheco e Lula: auxiliares do presidente da República defendem que o parlamentar mineiro pode ajudar a melhorar a relação com Kassab (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

Rodrigo Pacheco e Lula: auxiliares do presidente da República defendem que o parlamentar mineiro pode ajudar a melhorar a relação com Kassab (Ricardo Stuckert/PR/Flickr)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 30 de janeiro de 2025 às 06h02.

Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interpretaram de duas formas as declarações do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de que o petista perderia se as eleições ocorrem em janeiro de 2025 e não em 2026.

A primeira interpretação é que o PSD quer mais espaço no governo do que tem hoje e que não abrirá mão de candidaturas em estados em que tem alianças com o PT.

A legenda do Centrão conquistou o maior número de prefeitos em 2024 e quer crescer ainda mais no pleito do próximo ano.

Na Bahia, estado em que o partido de Kassab apoia a gestão do governador petista Jerônimo Rodrigues, duas vagas para o Senado estão em disputa em 2026 com três postulantes governistas.

O senador Angelo Coronel (PSD) quer ser candidato à reeleição. Entretanto, o senador Jaques Wagner (PT) também pode renovar o mandato e o ministro da Casa-Civil, Rui Costa, é apontado como outra alternativa. Otto Alencar, também do PSD, foi reeleito senador em 2022.

Apetite do PSD também na Esplanada dos Ministérios

No caso do Esplanada dos Ministérios, o PSD comanda o Ministério de Minas e Energia (MME), com Alexandre Silveira, o Ministério da Pesca, com o deputado André de Paula, e o Ministério da Agricultura, com Carlos Fávaro.

Lula pretendia ceder o Ministério de Ciência e Tecnologia ao PSD, já chefiado por Kassab nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.

Entretanto, a legenda cobiça uma pasta com orçamento maior, como o Ministério do Turismo ou Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

Outra possibilidade é Silveira deixar o MME e se realocado na Secretaria de Relações Institucionais.

Candidatura alternativa

A outra interpretação dos auxiliares de Lula é de que Kassab aproveitou a baixa popularidade de Lula nas pesquisas para se colocar como um dos principais articuladores na construção de uma candidatura alternativa.

Na útima segunda-feira, 27, pesquisa Genial/Quaest mostrou que a desaprovação do governo Lula superou a aprovação pela primeira vez. Com isso, o presidente da legenda apontou o governador do Paraná, Ratinho Júnior, como o nome da legenda para disputar as eleições presidenciais de 2026.

Pacheco é apontado como "antídoto" às críticas de Kassab

Após as declarações de Kassab, cresceu entre os auxiliares de Lula a pressão para que o presidente nomeie o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) como ministro. Os dois tem boa relação, segundo técnicos do Planalto.

Pacheco é apontado como um "antídoto" para as críticas venenosas do presidente do PSD.

Além de próximo de Kassab, Pacheco é parlamentar por Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do país. Historicamente, o estado é decisivo nas eleições presidenciais. A capital, Belo Horizonte, é comandada por Fuad Noman, do PSD. E, no estado, a legenda tem o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como presidente.

Pacheco é mais próximo de Lula do que Kassab, que atualmente é secretário de Governo de São Paulo, na gestão do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Com um pé em um governo de direita e outro de esquerda, Kassab tem dado sinais trocados ao buscar mais espaço na Esplanada e manter influência na construção de uma candidatura oposicionista à Lula.

Com isso, os petistas apostam que Pacheco pode neutralizar, em alguma medida, o fogo-amigo de Kassab. O atual presidente do Senado é cotado para os ministérios da Justiça, de Minas e Energia, Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mas ainda não há definição sobre que pasta poderia comendar a partir de 2025.

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