Jair Bolsonaro, ao centro, ao lado de aliados e ministros durante encontro com bancada nordestina (Marcos Corrêa/PR/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de maio de 2019 às 21h38.
Recife — Em sua primeira viagem oficial ao Nordeste, região onde registra os seus maiores índices de rejeição, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um acréscimo de R$ 4 bilhões ao Fundo Constitucional do Nordeste (FNE), mas não foi poupado de críticas dos governadores da região - o FNE é um dos três fundos constitucionais criados para implementar a política de desenvolvimento entre áreas do País.
O presidente desembarcou no Recife na manhã desta sexta-feira, 24, com um comitiva de 15 convidados para participar da reunião do Conselho Deliberativo de Desenvolvimento do Nordeste (Condel-Sudene).
Para evitar manifestações de oposição que foram convocadas pelas redes sociais, a comitiva foi dividida em dois helicópteros que se deslocaram da base aérea do aeroporto do Recife até o Instituto Brennan, onde aconteceu o evento.
Durante o evento, um grupo de manifestantes com faixas e cartazes protestou em frente ao portão do instituto. "Esperávamos que o presidente, chegando aqui no Nordeste, a exemplo do que acontecia anteriormente, trouxesse mais notícias boas. As notícias boas não foram tantas", disse à reportagem o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB).
No discurso de abertura, Bolsonaro fez um apelo para que os governadores, majoritariamente de oposição, apoiem o projeto de reforma da Previdência enviado ao Congresso.
"Faço um apelo aos senhores governadores do Nordeste. Temos um desafio que não é meu, mas também dos senhores, independente da questão partidária, que é a reforma da Previdência, sem a qual não podemos sonhar em colocar em prática parte do que estamos tratando aqui", disse o presidente.
Ainda segundo Azevedo, é preciso que "efetivamente" o governo mostre a que veio. "Precisa definir políticas. Isso não aconteceu. Esperamos que o Brasil volte a crescer e não fique amarrado exclusivamente na pauta da Previdência", concluiu o governador paraibano.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), foi na mesma linha. "De um modo geral o governo do presidente Bolsonaro enfrenta dificuldades no País, não apenas no Nordeste. Hoje essa contestação de que o governo vem frustrando expectativas é nacional. É um governo inerte no que se refere a políticas públicas. Quando rompe a inércia, rompe na direção errada. À exemplo desse desastrado decreto sobre armas".
Para o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), não vai ser fácil o presidente reverter a viagem em popularidade no Nordeste. "Popularidade não se relaciona com dinheiro, mas com a capacidade de liderar", afirmou.
Em entrevista coletiva concedida nesta sexta-feira, 24, após participar da reunião do Conselho Deliberativo da Sudene, no Recife, o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre a entrevista do ministro da Economia, Paulo Guedes à revista semanal Veja, na qual disse que deixará o governo caso a reforma da Previdência vire uma "reforminha".
"Ninguém é obrigado a continuar como ministro meu. Logicamente ele está vendo uma catástrofe, e é verdade, concordo com ele, se nós não aprovarmos a reforma muito próxima da que nós enviamos ao parlamento. O que o Paulo Guedes vê, e ele não é nenhum vidente, nem precisa ser, é para entender que o Brasil vai viver um caos econômico sem a aprovação essa reforma", afirmou o presidente.
Bolsonaro fez um apelo a governadores e prefeitos para que trabalhem pela aprovação da reforma da Previdência, alegando que a proposta é fundamental para reduzir desigualdades no País.
"Temos um desafio pela frente que não é meu. É também dos senhores governadores e prefeitos, independentemente de questão partidária. É a reforma da Previdência, sem a qual não podemos sonhar em botar em prática algo que estamos sonhando neste momento", afirmou Bolsonaro. "Tenho certeza que todos os governadores torcem pela aprovação da reforma."
Quando questionado sobre sua alta rejeição no Nordeste, o presidente respondeu de forma dura: "Faça uma pergunta mais inteligente".