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No mercado financeiro, avaliação negativa de Lula dispara e chega a 90%

Levantamento também aponta pessimismo com a economia e dúvidas sobre medidas fiscais

Governo Lula: gestão é rejeitada pela maioria do mercado (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Governo Lula: gestão é rejeitada pela maioria do mercado (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 07h33.

A avaliação negativa do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre agentes do mercado financeiro disparou e chegou a 90%, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 4. O salto foi de 26 pontos percentuais em relação ao levantamento de março de 2024, quando 64% viam a gestão de forma negativa. Já a avaliação positiva caiu de 6% para 3%, enquanto a percepção regular recuou de 30% para 7%.

O aumento da percepção negativa acompanha o temor de que a economia está indo na direção errada e que pode piorar nos próximos meses. Em março, 71% acreditavam que o governo não estava no caminho certo no plano econômico; agora, esse índice chegou a 96%. A expectativa de piora econômica nos próximos 12 meses também saltou de 32% para 88%.

Sobre a condução da política econômica, a avaliação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também sofreu desgaste. A aprovação de seu trabalho caiu de 50% para 41%, enquanto 61% dos entrevistados acreditam que ele perdeu força desde o início do governo.

A credibilidade do arcabouço fiscal também é contestada: 42% avaliam que ele tem pouca confiabilidade e 58% dizem que ele não tem credibilidade alguma. Além disso, a sustentabilidade da regra de gastos foi vista com ceticismo: para 37%, ela só deve se manter até 2025; para 34%, até 2026, último ano do governo Lula.

O mercado reagiu mal ao anúncio conjunto do pacote de cortes de gastos — considerado insuficiente — e a proposta de isentar o Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Isso elevou as expectativas de inflação, taxas de juros e fez o dólar ultrapassar a marca de R$ 6, alcançando um patamar histórico.

Selic deve subir 0,75 ponto em dezembro

A expectativa majoritária para a reunião do Copom (Conselho de Política Monetária) em dezembro é de um aumento de 0,75 ponto percentual na Selic. Para 66% dos entrevistados, esse será o ajuste necessário, enquanto 34% projetam uma taxa básica de juros acima de 14% ao final do ciclo de alta.

A nomeação de Gabriel Galípolo como provável sucessor de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central foi aprovada por 62% dos agentes, mas 44% acreditam que suas decisões terão influência política, mesmo que 56% ainda esperem escolhas técnicas.

Expectativas para 2026

Os agentes do mercado também avaliaram o cenário político para 2026. Apenas 34% acreditam que Lula será o favorito nas eleições presidenciais, uma queda significativa em relação aos 53% registrados em março.

O levantamento simulou oito cenários de segundo turno e apontou que o presidente seria derrotado em todos. A mesma projeção se aplica ao ministro Fernando Haddad. Na direita, 78% dos entrevistados consideram o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como o candidato mais provável caso Jair Bolsonaro permaneça inelegível.

A pesquisa foi realizada entre 29 de novembro e 3 de dezembro, com 105 entrevistas envolvendo gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.

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