Ciro Gomes: confiante de que brasileiros querem Estado forte (Roosewelt Pinheiro/ABr/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2018 às 13h41.
Última atualização em 7 de março de 2018 às 13h43.
Ciro Gomes não tem dúvidas sobre apertar todos os botões errados para os mercados financeiros, porque confia que os eleitores brasileiros ainda acreditam em um Estado forte, apesar da recessão sem precedentes que caracterizou os últimos anos do PT no poder. Ele quer chocar os eleitores com a verdade agora para que haja menos resistência aos seus planos quando for presidente.
Disputando a Presidência da República pela terceira vez, o ex-ministro, ex-governador, ex-prefeito, ex-deputador estadual e federal, se define como um candidato limpo e competente, que acredita que a desigualdade está na raiz dos problemas econômicos e políticos do Brasil.
Ele ataca o fato de que cinco famílias teriam a mesma riqueza que 100 milhões de brasileiros. E, embora relutante em chamar-se de esquerdista, acredita que uma abordagem não intervencionista na economia não resolverá os problemas do Brasil.
“Brasil tem o mecanismo mais selvagem do mundo para concentrar a renda. E não é laissez-fair que vai resolver”, disse ele no escritório da Bloomberg em Brasília antes do lançamento de sua pré-candidatura.
Para Ciro Gomes, as tentativas do presidente Michel Temer de estabilizar as finanças públicas estão condenadas ao fracasso porque o “Brasil é um país sangrado por uma plutocracia rentista”.
Gomes propõe uma reviravolta radical do sistema tributário brasileiro, com a revogação de desonerações corporativas e imposição de imposto sobre as fortunas.
Para enfrentar o déficit da Previdência, ele quer cortar os privilégios dos funcionários públicos.
Todos os campos de petróleo vendidos desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff seriam expropriados, mas dentro de um marco legal e com uma compensação adequada, diz Gomes.
“Estou anunciando que, como meu país sofreu um golpe de Estado, essas vendas eu considero ilegítimas”, diz ele, acrescentando que oferece total transparência sobre essa proposta e que “ninguém precisa ter medo de mim”.
Mas ele insistiu que os investidores alarmados com suas propostas devem olhar para sua história como governador do Ceará, o quarto maior estado do Brasil, como prefeito de Fortaleza, quinta maior cidade do país e seu período como ministro da Fazenda.
"Eu não pratiquei um dia de déficit", disse ele. "Eu fiz talvez a abertura mais brutal para o comércio no país".
Gomes também diz que, caso ocorra a privatização da Eletrobras, um eventual governo seu iria devolvê-la às mãos do Estado.
“Não estou disposto a vender minha alma no caminho de ser presidente do Brasil”, diz Gomes ao explicar que alianças eleitorais seriam úteis mas não essenciais e que não vai aceitar qualquer uma.