Paulo Roberto Costa: Costa foi preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava-Jato (Ueslei Marcelino/Reuters)
Mariana Desidério
Publicado em 2 de dezembro de 2014 às 15h01.
São Paulo - Em acareação realizada hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento da estatal afirmou que, ao menos desde o governo Sarney, para se chegar ao um posto de direção na Petrobras, é preciso ser indicado politicamente.
“Desde o governo Sarney, passando por Collor, FHC, Lula e Dilma, se não tivesse apoio político não chegava a diretor [na Petrobras]”, afirmou.
Costa afirmou ainda que se arrependeu de ter aceitado indicação para ocupar a diretoria de Abastecimento da estatal. “Me arrependo amargamente. Aceitei esse cargo e ele me trouxe aonde estou hoje”, disse.
Costa disse também que esquemas como o da Petrobras ocorrem no "Brasil inteiro". "Não se iludam. Isso que acontece na Petrobras acontece no Brasil inteiro. Em ferrovias, portos, aeroportos. Tudo."
Paulo Roberto Costa disse que não falará na acareação sobre as investigações. Porém, disse que confirma o que falou no processo de delação premiada.
“Fiz 80 depoimentos, foram mais de duas semanas de delação. O que está lá, eu confirmo”, disse.
O ex-diretor da estatal disse ainda que decidiu fazer acordo de delação premiada por pedido de sua família.
"A delação não foi orientação do advogado, foi da minha família, minha esposa, minhas filhas, genros e netos. Eles me disseram: 'Você vai pagar sozinho por uma porção de coisas que estão erradas?' Fiz por respeito e amor a minha família", afirmou.
A CPMI da Petrobras faz hoje uma acareação entre os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa, de Abastecimento, e Nestor Cerveró, da Área Internacional.
O requerimento que pediu a acareação foi feito pelo deputado Enio Bacci (PDT-RS). Paulo Roberto Costa teria citado o ex-diretor Cerveró no processo que investiga esquema de corrupção na Petrobras.