Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Alessandra Azevedo
Publicado em 24 de março de 2021 às 19h33.
Última atualização em 24 de março de 2021 às 19h34.
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta-feira, 24, que não há problemas políticos que atrapalhem a exportação de vacinas para o Brasil. Em sessão temática no Senado, ele afirmou que “nenhuma questão política está impedindo nenhum tipo de importação, seja de vacinas, seja de insumos”.
“O mundo todo hoje vive também uma dificuldade de obtenção de vacinas e seus insumos. Países com capacidade tecnológica de produzir estão enfrentando dificuldade em levar adiante um processo de vacinação mais acelerado”, pontuou Araújo. Ele citou que os países da União Europeia vacinaram 9% da população, enquanto o Brasil está na faixa de 6%. “Não há uma diferença muito grande”, considera.
Segundo Araújo, os problemas diplomáticos apontados pelos senadores na relação entre o Brasil e a China são "fruto de uma narrativa" que não condiz com a verdade. "Nós não temos nenhum problema diplomático com a China. E isso faz parte de uma construção da nossa política externa, que eu vejo que é completamente mal-entendida”, disse, após ter sido questionado sobre as dificuldades criadas pelo governo brasileiro na relação com os chineses.
Araújo afirmou que o Brasil é, segundo as próprias estatísticas chinesas, o terceiro país no mundo que mais recebeu vacinas e insumos de vacinas fabricados na China. "Os primeiros são Indonésia e Emirados Árabes Unidos e, logo em seguida, o Brasil, de forma que o Brasil de nenhuma maneira está atrás na fila”, disse. Segundo ele, o país “não sofre nenhum tipo de discriminação”.
Em relação às negociações por excedentes de vacinas dos Estados Unidos, Araújo afirmou que as conversas estão em andamento. Os EUA contam com 7 milhões de doses de vacinas excedentes e já anunciaram que exportarão 2,5 milhões para o México e 1,5 milhão para o Canadá. “Estamos tentando fazer parte dessa exportação, claro, porque qualquer milhão de doses ajuda a fazer a diferença”, disse.
Araújo disse que o Itamaraty está em contato com o governo americano, mas não comentou sobre avanços na negociação. “O pedido está colocado. Estamos, todos os dias, tentando negociar essa vinda de vacinas excedentes dos Estados Unidos, mas isso não é, nenhuma dessas frentes é suficiente em si mesma. Precisamos trabalhar em todas elas”, afirmou.
O ministro pontuou que o Brasil tem um “portfólio muito diversificado de vacinas contratadas e outras possibilidades” e afirmou que o Itamaraty, junto com as embaixadas, está pronto para trazer carregamentos de vacinas da Índia e da Rússia assim que elas forem liberadas. "Está tudo engatilhado", garantiu.
O ministro anunciou que o Brasil receberá insumos para fabricação de 32 milhões de doses da vacina AstraZeneca em território nacional. Os carregamentos começam a chegar nesta quarta-feira. “Entre hoje, amanhã e depois de amanhã, em três voos, o carregamento de 1024 litros do IFA, que permite a fabricação de 32 milhões de doses. Vai quase dobrar a capacidade de vacinação que temos neste momento”, disse.
“É fundamental, porque o Brasil é um dos poucos países que vão se dotar de autonomia na fabricação da vacina. A transferência da tecnologia para que o país produza foi parte essencial dessa estratégia. Estratégia, acreditamos, de sucesso, porque nos tornará independentes na questão das importações em breve”, afirmou Araújo.
O ministro reconheceu que o ritmo do processo ainda não é o ideal. “O processo está em andamento. É claro que, repito sempre, gostaríamos que fosse mais rápido, mas estamos trabalhando para que seja mais rápido. Ele está estruturado e não está de forma nenhuma paralisado. Estamos executando essa estratégia”, disse.