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"Nem pensar em construir mais linhas de metrô", diz Soninha

Quinta colocada nas pesquisas do Datafolha, a candidata Soninha conversa com EXAME.com sobre suas propostas de governo e promessas para os corredores de ônibus na cidade


	Soninha Francine: em vez de metrô, quer melhorar os corredores de ônibus na cidade.
 (Ricardo Matsukawa/Terra)

Soninha Francine: em vez de metrô, quer melhorar os corredores de ônibus na cidade. (Ricardo Matsukawa/Terra)

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Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2012 às 13h13.

São Paulo – Jornalista, ex-VJ da MTV, comentarista esportiva e polêmica, Soninha Francine foi vereadora e subprefeita da Lapa, em São Paulo. Agora, quer ser prefeita e é candidata ao cargo pelo PPS.

A candidata recebeu a reportagem de EXAME.com em sua casa na Vila Pompeia, um sobrado repleto de livros, revistas e jornais antigos, além de muitas referências ao budismo que pratica. Na porta da cozinha, um enorme rolo papel com lista de tarefas da campanha - e outras de cunho mais pessoal. Do lado de fora da casa, o banco que ela colocou na entrada para ser “um modo simples de melhorar a qualidade de vida das pessoas”.

Depois de uma conversa inicial sobre redes sociais, a candidata conhece as páginas do Facebook dedicadas a fazer humor com suas propostas e confessa que se diverte seguindo contas fake de políticos no Twitter, Soninha respondeu às perguntas separadas pela EXAME.com para os candidatos:

EXAME.com - Que vantagens a cidade deve oferecer para atrair mais negócios?
Soninha Francine - A cidade vai oferecer vantagens, sim, mas um incentivo direcionado conforme a localização da empresa, o número de postos de trabalho que ela vai gerar e a atividade que ela vai exercer.

A gente precisa gerar muito mais postos de trabalho na periferia, onde a densidade populacional é muito maior e a oferta de emprego ridiculamente menor. Mas essa atividade tem de ser condizente com a vocação local, conforme o perfil do lugar. E o incentivo não pode ser só fiscal, a empresa pode achar insuficiente o desconto no imposto se o lugar em que a Prefeitura quer que ela se instale não tem a menor infraestrutura.

EXAME.com - O desemprego entre os jovens é muito maior que no restante da população. Nas grandes regiões metropolitanas eles correspondem a cerca de um terço dos desocupados. Como a Prefeitura pode mudar isso?
Soninha -  Falta formação para esses jovens porque eles saem do Ensino Médio com uma qualidade de ensino muito ruim. Uma tarefa que eu acho que a Prefeitura tem que assumir é quando uma empresa vai se instalar fazer uma parceria para ter uma escola de formação com o sistema para realmente formar mão-de-obra com capacidade para atender àquela demanda.


Outro ponto é despertar ou descobrir a vocação dos jovens, mesmo. Como que a Prefeitura não faz eventos de escolha profissional? Semanas em escolas em que um dia vai um engenheiro, no outro um dentista, no outro um dono de pousada.

EXAME.com - O que fazer para entregar a mão-de-obra que os negócios precisam, mas não encontram?
Soninha -  Tem muita demanda pra Prefeitura criar uma universidade municipal e eu não concordo. A gente tem ainda obrigações fundamentais não cumpridas e o dinheiro que fosse investido numa universidade municipal faria muita falta para as outras coisas.

Agora, um programa de bolsas de ensino superior dirigido para essas áreas em que a gente tem mais necessidade sim, com certeza. Então você vai abrir um processo seletivo para quem quer a bolsa, quem quer fazer um curso de nutricionista ou fisioterapia, por exemplo.

Não vou fazer subsídio pra faculdade, vou dar bolsa para o aluno fazer aquele curso porque eu tenho certeza que um monte de gente adoraria ser pediatra e tem paixão, mas nem entra na USP nem consegue pagar um curso particular. Então, quantos pediatras faltam na rede pública? Duzentos? Então vou pagar a faculdade para que essa pessoa depois trabalhe por um tempo na rede pública. Se ela não quiser, a bolsa pode funcionar como um financiamento.

EXAME.com - Como prefeita, o que você poderá fazer na área de transportes?
Soninha - É preciso ter um plano cicloviário para cada região da cidade e uma integração dessas rotas com o coletivo. A bicicleta como mobilidade urbana tem por princípio ser uma opção para pequenos trajetos e para qualquer pessoa.

Mas nem pensar em aumentar a linha de metrô, é muito caro para a Prefeitura e o dinheiro vai fazer falta para melhorar o sistema de ônibus. Eu quero colocar só os ônibus articulados no corredor, no modelo BRT e assim você tem o embarque com o pagamento do bilhete no ponto de ônibus. Quando ele encosta, tem três pares de portas que abrem pra embarque e desembarque. Elimina congestionamento e deixa o corredor super previsível. Tem que reformar os pontos, elevar o piso para que ele esteja no mesmo nível do ônibus e colocar catraca, mas toda essa adaptação é possível e está encaminhada.


EXAME.com - São Paulo já não ostenta os piores índices de criminalidade do país, principalmente homicídios. Mas onde especificamente ainda é necessário concentrar esforços na área de segurança?
Soninha - Tem coisas que são atribuição direta da Prefeitura que é manutenção do espaço público. Já é super demonstrado que um espaço degradado favorece a ocorrência de tudo quanto é tipo de violência. Então, o mínimo que a gente pode fazer é zeladoria nos lugares que já têm urbanização adequada e urbanização nos lugares que não têm nem isso. Quero dizer, boas calçadas, luz, transformar beco em rua, câmeras em escadarias...

Mas aí tem outra coisa: não é só manter as coisas limpas, arrumadas e iluminadas. Nas ruas em geral quanto mais você criar atividades e incentivar o comércio, melhor. Isso dá vida para o lugar e as pessoas podem resolver as coisas a pé, o comerciante está ali o tempo todo o que também é uma boa medida para favorecer a segurança.

Aí você tem a guarda civil, que para mim não deveria ser armada. Isso é uma deturpação da função inicial da guarda, que era de ser uma guarda comunitária que interage com as pessoas, estabelece um relacionamento e previne problemas e crimes.

EXAME.com - Saúde pública: qual a prioridade?
Soninha - Prioridade são as consultas para daqui a seis meses. Tem que fazer as contas, fazer o cálculo das esperas absurdas e antecipar essas consultas todas em mutirão. Você reúne os profissionais de saúde da Prefeitura, parceria com o governo do estado, com universidades federais e seus hospitais universitários. Concentra o esforço e atende as pessoas ali, faz a triagem, atendimento no clínico e eu não tenho dúvida que em um mês com esforço conjunto atendendo segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado a gente resolve essa questão emergencial.

E a partir daí tem de organizar o sistema de saúde e criar uma gestão de informação do SUS. O cartão SUS tem que ter ali a história do paciente, o prontuário médico, se ele fez cirurgia, se tem medicamento de uso contínuo, se tem alergia a alguma medicação, histórico familiar, tudo.

EXAME.com - Nos debates, não raro você se torna destaque ao trazer algumas polêmicas. Como surgiu a ideia de fazer a pergunta “E o Maluf, Haddad?” ao vivo?
Soninha - As preparações para os debates são bem tranquilas. A gente senta aqui em casa na tarde do debate, eu e mais duas ou três pessoas do partido, e planeja as perguntas. Sobre essa específica eu tinha tido essa ideia um dia que estava no carro. Acompanhei uma sabatina pelo Twitter e vi que as pessoas comentavam que ele ficava irritado sempre que citavam o Maluf.

E um dia eu tava conversando com o pessoal da campanha e comentei: “Pô, meu, o cara não quer responder sobre o Maluf? O que ele quer, então?”. E falei que queria chegar e falar só assim “Haddad, e o Maluf, cara?”. Não queria nada do tipo “diante do cenário da aliança da coligação da esquerda direita” e essas perguntas gigantes.

Quando chegou minha vez de perguntar no debate e ele estava livre eu pensei: “Ah, não acredito. É hoje... é hoje”. E perguntei. Depois vi que fizeram vídeo no YouTube do Haddad congelado, brincando com a ceninha da novela. Fizeram também um perfil no Twitter com essa foto.

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