Para equilibrar contas, Governo Dilma precisará cumprir promessa de austeridade fiscal (ARQUIVO/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2010 às 11h35.
São Paulo - O governo não teria nenhuma chance de cumprir as metas fiscais deste ano se não tivesse recorrido a uma “contabilidade criativa” para inflar as receitas. E ainda assim, apesar de todas as mudanças de regras, corre o risco de fracassar.
A análise é do economista da Tendências Consultoria Felipe Salto, que participou nesta terça-feira (30) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
Em setembro, o governo fez uma manobra contábil envolvendo a capitalização da Petrobras, que rendeu ao caixa da União uma receita adicional de 31,9 bilhões de reais antes mesmo do início das atividades no âmbito do pré-sal.
“Se desconsiderássemos as mudanças feitas aos 45 minutos do segundo tempo, o governo estaria totalmente fora dos compromissos fiscais que ele fixou para esse ano. Isso significa que a política fiscal atual é expansionista e ruim, pois prejudicou as regras mínimas de previsibilidade e transparência”, diz Salto.
O economista ressalta que todos os componentes do setor público consolidado (governo central, governos regionais e estatais) não estão cumprindo as metas. “No caso das estatais, como havia um rombo, o governo também mudou as regras, retirando das contas as empresas do grupo Eletrobras.” Nesta terça-feira (30), o Banco Central divulgou o resultado de outubro, sem os dados da Eletrobras.
“É provável que nem essa meta cambaleante que o governo produziu possa ser cumprida no final das contas, mesmo com essa receita adicional e com essas mudanças de regra do jogo. Então, o discurso da equipe econômica do governo Dilma de austeridade fiscal precisa ser transformado em algo concreto para que essa situação seja revertida.”
Na entrevista (para ouvir, clique na imagem ao lado), Felipe Salto avalia o avanço dos investimentos e da arrecadação do governo, e propõe uma regra atrelada ao PIB para os gastos da máquina pública.