Segundo professora da PUC, desempenho acadêmico dos alunos não pode ser único parâmetro para avaliar uma escola (Tiago Lubambo)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2011 às 17h48.
São Paulo – Nem a melhor escola do Brasil escapa do problema da violência entre alunos. O Colégio de São Bento, do Rio de Janeiro, teve a maior média no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em maio deste ano, a instituição ganhou as páginas dos jornais quando um adolescente de 14 anos foi acusado de agredir outro de apenas seis anos.
Segundo a versão da criança, ela foi abordada pelo adolescente e levou rasteiras. Com um ferimento na testa, além de hematomas na cabeça, a criança foi levada ao hospital e ficou em observação para descartar a hipótese de edema.
Os pais, advogados cariocas, tiraram o filho do Colégio de São Bento e decidiram processar a instituição. Segundo declarações da família à imprensa, apesar de não ter havido maiores consequências físicas, o menino ficou traumatizado por causa das agressões. Em nota, o colégio lamentou o incidente e deixou claro que a expulsão do agressor não seria considerada.
Em entrevista, o supervisor administrativo do colégio afirmou que o adolescente era um ótimo estudante. Segundo reportagem da Veja Rio, a coordenadora do colégio, Maria Pedrosa, tratou a questão como uma “brincadeira inconsequente”. O supervisor administrativo da escola, Mário Silveira, disse que o agressor estava sendo mais punido do que a criança, que já estava “toda alegre e fagueira em casa”.
Insuficiente
Para a professora de Psicologia da Educação da PUC de São Paulo Clarilza Prado, episódios de violência como o do Colégio de São Bento não podem ser usados para “crucificar uma escola”. Entretanto, para ela, fica claro que apenas os parâmetros acadêmicos medidos pelo Enem não são suficientes para dizer se uma escola é boa.
“A avaliação feita é sobre matemática, português, coisas da parte curricular. Isto é fundamental, sim, mas não é suficiente. A escola deve ensinar tudo o que consta no currículo, mas também deve ensinar cidadania”, diz.
Segundo ela, a maior crítica dos teóricos da educação não é ao processo em si, mas ao fato de haver apenas um tipo de avaliação. “Isso tem perpetuado a ideia de que basta ensinar matemática e português. Não é verdade.”