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Nelson Teich pede exoneração do cargo de ministro da Saúde

Essa é a segunda troca do chefe da Saúde em meio à pandemia da covid-19, que já fez quase 14.000 vítimas e 202.000 infectados no Brasil

Nelson Teich e Bolsonaro: conflito entre os dois envolveu a prescrição da cloroquina nos estágios iniciais da covid-19 (Adriano Machado/Reuters)

Nelson Teich e Bolsonaro: conflito entre os dois envolveu a prescrição da cloroquina nos estágios iniciais da covid-19 (Adriano Machado/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 15 de maio de 2020 às 12h05.

Última atualização em 15 de maio de 2020 às 18h53.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo na manhã desta sexta-feira, 15. A decisão do médico vem menos de um mês após ele aceitar o cargo, substituindo Luiz Henrique Mandetta, demitido pelo presidente em 16 de abril.

Essa é a segunda troca no Ministério da Saúde em meio à pandemia da covid-19, que já fez quase 14.000 vítimas e 202.000 infectados no Brasil. O general Eduardo Pazuello, hoje número dois da Saúde e já cotado para substituir Teich, assume o cargo interinamente.

Em pronunciamento após a demissão, Teich afirmou quee deu o melhor de si durante a gestão e que “não é simples estar no ministério neste período”. “A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhi sair”, afirmou.

Ele, no entanto, não explicou os motivos pelos quais decidiu pedir demissão. Disse que havia aceitado ser ministro da Saúde porque “queria ajudar o Brasil e as pessoas”. “Não aceitei o convite pelo cargo.”

Dessa vez, o desentendimento entre presidente e ministro envolveu os protocolos de liberação da prescrição da cloroquina para pacientes nos estágios iniciais do novo coronavírus.

Atualmente, a recomendação é que medicamento seja usado no tratamento de pacientes em casos graves da covid-19. A indicação está prevista em protocolo publicado ainda na gestão de Mandetta.

Nesta manhã, Bolsonaro já havia antecipado a apoiadores que o protocolo de uso do medicamento seria mudado pelo Ministério da Saúde, apesar das resistências de Teich por conta da falta de comprovação cientifica de eficácia e os efeitos colaterais.

"O protocolo deve ser mudado hoje porque o Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo então. É direito do paciente", disse Bolsonaro. "O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação ele pode ser processado", acrescentou.

Além da cloroquina, havia, ainda, uma resistência de Teich em relação a defender o fim total do isolamento social, mesmo conflito que derrubou Mandetta. Nesses 28 dias no cargo, Teich não entregou estudos para acabar com a quarentena, algo que desagradou o presidente, segundo seus auxiliares.

Nesta semana, a pasta havia programado a divulgação da Estratégia de Gestão de Risco da Covid-19, em que apresentaria protocolos para o isolamento social nos estados. A apresentação, contudo, foi cancelada por falta de "consenso". Além de uma resistência dos conselhos dos secretários de saúde estaduais e municipais, o governo também ficou descontente com a proposta.

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