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“Não vamos desenterrar mortos”, diz Wizard sobre recontagem de vítimas

Futuro secretário do Ministério da Saúde diz que pasta achou sinais de fraudes em alguns Estados e municípios, mas evitou dizer quais ou quantos seriam

Carlos Wizard, futuro secretário do Ministério da Saúde (Miguel Schincariol/AFP)

Carlos Wizard, futuro secretário do Ministério da Saúde (Miguel Schincariol/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de junho de 2020 às 16h23.

Última atualização em 10 de junho de 2020 às 12h36.

O futuro secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Wizard, disse que o governo de Jair Bolsonaro não pretende "desenterrar mortos”, como forma de averiguar se os mais de 35.000 óbitos registrados oficialmente pelo próprio governo, em relação à covid-19, foram de fato resultado de mortes pela doença.

"Não pretendemos desenterrar mortos, não tratamos disso. O que pretendemos é rever os critérios dessas mortes”, disse Wizard, que espera que sua nomeação como secretário no Ministério da Saúde seja publicada na próxima segunda-feira, 08.

A possibilidade de recontagem provocou reação de entidades. O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) Alberto Beltrame afirmou que há uma tentativa "autoritária, insensível, desumana e anti-ética” de dar invisibilidade aos mortos pelo coronavírus.

Carlos Wizard disse que a pasta da Saúde conta com uma "equipe de inteligência” militar que identificou sinais de fraudes em dados prestados por alguns Estados e municípios, mas evitou dizer quais seriam esses locais, ou mesmo quantos.

"Temos uma equipe de inteligência no ministério. Essa equipe encontrou indícios de que alguns municípios e estados estão inflacionando os dados para receber benefícios federais, isso é lamentável”, declarou.

Amigo próximo do ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que conheceu durante a Operação Acolhida, em Roraima, Wizard disse que o governo deverá levar o assunto "à esfera competente” contra as supostas irregularidades, sem detalhar exatamente o que deve ser feito.

"Temos uma equipe de militares trabalhando nisso, sob o comando do general Pazuello. Estamos levantando os dados e fatos. Levaremos à esfera competente.”

Apesar de ter admitido, em entrevista ao jornal O Globo, que o número de mortos oficialmente divulgado pelo governo deveria cair com a recontagem, Wizard afirmou que o governo não vai alterar o que já foi feito até agora.

Até esta sexta, 05, foram registrados 35.026 mortes pelo coronavírus e outros 645.771 casos de contaminação. "Não estamos preocupados com o passado, mas com o futuro. O passado já foi, o número não vai cair”, disse.

Na avaliação do futuro secretário, o governo "tem enfrentado quatro guerras, a da covid, a da economia, da informação e a da política. Wizard também defendeu o uso massificado da cloroquina no País e disse que publicações que criticaram a substância estão sendo reavaliadas.

"Acusaram o governo federal de forma irresponsável sobre o uso da cloroquina. Publicaram uma inverdade. Cloroquina não é cocaína, que você vai morrer amanhã” comentou.

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