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“Não tinha nenhum santo”, diz governador sobre mortos em massacre

Governador do AM propõe reforço do efetivo militar na fronteira com países produtores de drogas como meio para resolver crise do sistema prisional

Coveiro abre cova para enterro de um dos presos mortos durante massacre em presídio do Amazonas - 04/01/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Coveiro abre cova para enterro de um dos presos mortos durante massacre em presídio do Amazonas - 04/01/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 15h21.

Última atualização em 4 de janeiro de 2017 às 15h56.

São Paulo – Em entrevista à rádio CBN na manhã desta quinta-feira, o governador do Amazonas, José Melo (Pros), afirmou que “não tinha nenhum santo” entre os 56 mortos durante rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). A declaração foi dada no dia em que as famílias enterram os primeiros corpos reconhecidos - quatro dias após o massacre.

“O que eu sei te dizer é que não tinha nenhum santo. Eram matadores, eram estupradores que estavam ali e pessoas ligadas a outra facção [Primeiro Comando da Capital], que é minoria aqui no estado do Amazonas”, afirmou quando questionado se presos assassinados eram membros de alguma facção. De acordo com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, menos da metade dos mortos faziam parte do PCC.

10-am

- (Ueslei Marcelino/Reuters)

Segundo o governador, a crise do sistema penitenciário é um efeito direto do fracasso no Brasil em controlar o tráfico de drogas nas fronteiras.  “Em apenas dois anos de governo, nós prendemos 21 toneladas de drogas e praticamente dobramos a população carcerária com prisões voltadas sobretudo para essa questão de tráfico de droga”, afirmou. “Somos vizinhos dos três maiores produtores mundiais de cocaína e maconha, Colômbia, Peru e a Bolívia.”

A principal hipótese é de que o massacre tenha sido causado por um confronto entre a facção Família Do Norte (FDN), que domina prisões do Amazonas, e o Primeiro Comando da Capital (PCC) em uma provável disputa por controle de território.

Em outubro, conflito entre PCC e o Comando Vermelho deixou mais de 20 mortos em presídios do Norte e Nordeste. Naquele momento, segundo comunicados enviados pelo próprio PCC para seus membros, a briga teria sido uma resposta ao fato de que o Comando Vermelho teria firmado alianças com facções rivais do PCC, como a FDN.

Grampos telefônicos da Polícia Federal revelam que os planos da FDN de assassinar membros do PCC que estariam presos em Manaus  vêm desde 2015. Em julho daquele ano, três líderes do PCC local morreram degolados em presídios do estado.

No fim de semana seguinte às mortes, 38 pessoas com alguma ligação com o PCC foram assassinadas nas ruas de Manaus em um episódio que ficou conhecido como Fim de Semana Sangrento.

O governador do Amazonas sugere que o governo federal reforce a presença das forças armadas nas fronteiras do Norte, Centro-Oeste e Sul para combater a entrada de drogas no país. Ele propõe ainda que essa fiscalização seja financiada por um fundo estadual.

“Qualquer outra coisa que fizer é enxugar gelo como se está fazendo em todos os estados brasileiros”, afirmou.

 

 

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