Sérgio Cabral: delator disse que Susana já chegou a receber R$ 100 mil mensais dos recursos ilegais do ex-governador (Pawel Kopczynski/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de dezembro de 2017 às 22h00.
Última atualização em 18 de dezembro de 2017 às 22h01.
Rio - Ex-mulher de Sérgio Cabral Filho (PMDB), Susana Neves, acusada de receber dinheiro do suposto esquema de corrupção que seria chefia pelo ex-marido, disse que confiava nele e declarou que o que lhe interessava "era receber a pensão".
O operador e delator de Cabral, Carlos Miranda, disse que Susana já chegou a receber R$ 100 mil mensais dos recursos ilegais do ex-governador.
Ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Susana admitiu que recebia uma mesada de R$ 20 mil a R$ 25 mil em espécie por mês. A quantia "já chegou a R$ 40 mil", afirmou, "em determinado momento". Susana casou com Cabral em 1986. Eles se separaram em 1996 e têm três filhos, entre eles o deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ).
O Ministério Público Federal (MPF) alega que Susana tinha uma empresa de fachada, a Araras Empreendimentos. A Araras recebeu 31 depósitos bancários da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, de R$ 1,2 milhão ao todo. A Survey é ligada a Flávio Werneck, dono da FW Engenharia, acusada de dar aparência lícita ao pagamento de R$ 1,7 milhão em propina do esquema de Cabral.
"Ele me entregava R$ 20 mil a R$ 25 mil por mês, e já chegou a R$ 40 mil, sempre em espécie. Num determinado momento, ele disse que tinha feito um negócio e que o dinheiro seria depositado na conta da Araras. Como confiava nele, o que me interessava era receber a pensão para custear as despesas de casa e dos meninos. Em 2011 e 2013, esse dinheiro entrou na conta da Araras", disse. "O valor era maior. Ele disse que iria ser maior mesmo, mas que o que sobraria seria para viagens dos meninos, por exemplo, sempre ligado aos meninos", acrescentou.
Susana disse que, com 21 anos separados, e embora Cabral "tenha sido um bom pai, sempre presente", a relação dos dois se "limitava a falar sobre os meninos", "nas poucas vezes que se encontram".
"Não tinha motivo nenhum para desconfiar do Sérgio, ele tinha uma vida boa pública, tinha casa fora, jet ski, filhos estudando em escola bilíngue, era um governador muito bem avaliado", afirmou.
A reportagem não conseguiu ouvir Werneck.