Dilma Rousseff se reúne com juristas contra o impeachment: Dilma, negou a tese de conspiração e afirmou que ela preferia manter a posição que sempre teve a respeito do aliado (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 7 de dezembro de 2015 às 14h30.
Brasília - A presidente Dilma Rousseff tentou minimizar o distanciamento entre ela e seu vice, Michel Temer, dizendo que sempre confiou no peemedebista.
Afirmou, também, que ainda não foi informada do pedido da demissão do ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil).
"Não só confio como sempre confiei (em Michel Temer)", disse, após reunião com juristas para tratar da sua defesa do impeachment, da qual Temer não participou. Por ser advogado, a expectativa era de que o vice-presidente se envolvesse diretamente na defesa de Dilma.
Entretanto, assim que foi deflagrado o processo de impeachment, na última quarta-feira, a presidente teve apenas um rápido encontro com o vice, que descartou participar formalmente da defesa.
Auxiliares de Dilma dizem reservadamente que a postura de Temer passa a imagem de que ele está conspirando para chegar ao poder.
Dilma, no entanto, negou a tese de conspiração e afirmou que ela preferia manter a posição que sempre teve a respeito do aliado.
"Ele sempre foi extremamente correto comigo. Não tenho porque desconfiar um milímetro dele", disse.
"Não é essa a posição que eu sei dele e não é isso que ele tem me dito", reforçou, sobre o suposto abandono e conspiração.
Dilma rebateu ainda que haja silêncio por parte do vice-presidente. "Silêncio depende de quem está escutando", afirmou, destacando que tem conversado normalmente com Temer.
Apesar de ter tentando mostrar proximidade na relação, Dilma disse não saber quando Temer retorna a Brasília ou se já tinha retornado.
"Assim que ele chegar a Brasília, não sei se já chegou, pretendo conversar com ele ainda hoje", disse.
O vice cumpre agenda em São Paulo nesta segunda-feira e deve retornar para a capital por volta das 21h.
Casca de banana
Dilma voltou a dizer que ainda não foi informada sobre a saída do ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) e evitou dimensionar o peso que a demissão de um dos principais aliados do vice pode ter para o seu governo. "A mim, ele (Padilha) não comunicou nada", disse.
Questionada se a saída de Padilha poderia provocar uma debandada do governo disse apenas: "Nessa casquinha de banana eu não caio não".
Padilha deve se reunir nesta segunda com o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, para comunicar pessoalmente ao governo sua decisão de entregar o cargo.
Apesar de o governo ainda esperar uma conversa com o peemedebista, o cargo dele já estaria em negociação.
O líder do governo na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), já teria recebido a tarefa de indicar nomes para a vaga. Picciani nega a oferta, mas admite que, se for procurado, irá atender ao apelo do governo.
Pareceres
A presidente afirmou ter recebido dos juristas pareceres sobre as contas do governo e sobre o processo de impeachment e voltou a destacar que o País tem que defender sua democracia.
"O Brasil conquistou democracia com sacrifício de pessoas", disse. "Só dentro da legalidade democrática, respeitando as regras, nós, de fato, unificaremos o País", completou.
A presidente disse, ainda, que as instituições brasileiras são sólidas e por isso é importante "defender a legalidade".
Dilma voltou a destacar que o processo de impeachment não tem fundamento e lembrou que as contas do governo de 2014 e 2015, apesar do parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) indicando a reprovação, ainda serão julgadas pelo Congresso Nacional.
Na semana passada, o mesmo grupo de juristas lançou um manifesto no qual sustentava não haver "qualquer fundamento jurídico" para o afastamento da presidente.
O documento foi articulado por Celso Antônio Bandeira de Mello, professor emérito de Direito Administrativo da PUC-SP.
Além de manifestar apoio a Dilma, a ideia do encontro também foi discutir qual é a melhor estratégia jurídica para defender a presidente.
A reunião desta segunda foi articulada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo advogado do PT, Flávio Caetano.