Maia: presidente da Câmara diz que vai manter seu papel como deputado, sem interferir na articulação da proposta (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 8 de abril de 2019 às 20h40.
Última atualização em 8 de abril de 2019 às 20h49.
Brasília - Após as farpas trocadas com o presidente da República, Jair Bolsonaro, ao longo do mês de março, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou que atualmente não tem mais as condições que tinha antes de ser um articulador político da Nova Previdência. Ele afirmou que se resignou ao seu papel institucional na tramitação do projeto e que estará pronto para pautar a medida quando for a hora. "Agora, se o governo vai ganhar, você pergunta para o Onyx (Lorenzoni, ministro da Casa Civil)", afirmou.
Maia afirmou que os ataques que sofreu no mês passado davam a entender que ele queria se favorecer de alguma forma dessa articulação e, por isso, decidiu se afastar. "Agora, estou mais fechado, porque me colocaram no meu papel (institucional)", disse. "Não falo mais de prazo, nem de voto. Aliás, falar disso, atrapalha o governo", afirmou.
O deputado disse não ver, no Congresso, uma preocupação com um possível fortalecimento de Jair Bolsonaro com a aprovação da Nova Previdência. Maia foi questionado se a PEC poderia impulsionar a reeleição de Bolsonaro em 2022, caso traga uma melhora expressiva para economia brasileira, e se isso faria com que parlamentares quisessem segurar a medida. Ele disse não ver problema em fortalecer o presidente. "Acho que todo mundo fica forte com a aprovação da Previdência", disse. Ele afirmou que, com a economia fortalecida, os parlamentares terão mais espaço no debate, principalmente sobre o Orçamento e, com isso, poderão fortalecer suas bases.
"Agora, se ele aprovar a reforma, o Brasil crescer, gerar emprego e a capacidade de investimento. Foi um bom presidente, merece ser reeleito. Por que não? O sistema é feito basicamente para o presidente ser reeleito", afirmou Maia.
Maia participa nesta segunda-feira, 8, de um evento em Brasília realizado pelos jornais O Globo e Valor, na companhia do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Um pouco antes das falas de Maia sobre 2022, Guedes afirmou sobre a Nova Previdência que prefere "estar aproximadamente na direção certa do que com muita precisão para o lado errado". O ministro ressaltou que não está interessado em fazer uma reforma light. "Não quero abrir porta para gerações futuras (sobre cálculos suaves). Se você acha que pode seguir fazendo pequenos remendos, está condenado à mediocridade", disse.
"Quem acha que reforma de impacto de R$ 500 bilhões ou R$ 600 bilhões tudo bem está errado. Se eu já conseguir uma potência de R$ 1 trilhão em 10 anos já está resolvido", disse. Guedes disse que ainda acha que reforma pode ser aprovada no primeiro semestre. Ele voltou a dizer que há muitas "bombas no sistema atual", como a questão demográfica, encargos trabalhistas e o problema de não se levar recursos para o futuro.
Maia brincou com o ministro e disse que ele "está sendo um grande articulador político". Guedes afirmou que ministro da Fazenda aplaudido na avenida defendendo reforma da Previdência é algo incompreensível. "As pessoas estão começando a entender a reforma, essa reforma deixa uma porta aberta para o futuro", disse. "Sincronização de Estados, municípios e União nos dá possibilidade de atacar reforma da Previdência".