(Fabio Vieira/Getty Images)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 12h46.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 13h48.
Uma expressão que se ouve muito neste momento de pandemia de covid-19 é o “novo normal”. Mas por quanto tempo as medidas de segurança e as restrições de atividades econômicas vão perdurar?
Na opinião do diretor do Brazil Institute, do King's College de Londres, Vinícius Mariano de Carvalho, não haverá uma volta ao normal no pós-pandemia. Além disso, para ele, a saída da crise sanitária só vai ocorrer quando o mundo todo se esforçar de forma global e conjunta.
“A gente está tentando entender o significado da palavra pan. Ela está ensinando o que é realmente uma grande globalização. Não há um país que conseguirá sair da covid-19 sozinho enquanto houver apenas uma nação em que a doença não esteja controlada”, disse Carvalho ao canal UM BRASIL, uma iniciativa da FecomercioSP. A entrevista será publicada na sexta-feira, 16, mas EXAME teve acesso ao conteúdo, com exclusividade.
O Brazil Institute existe há dez anos e é um braço da renomada universidade King's College, que tem o objetivo de pesquisar e entender os agentes econômicos e políticos brasileiros e suas relações com o Reino Unido.
Para Vinícius de Carvalho, a maneira como a sociedade está constituída, olhando para as relações humanas e aspectos econômicos, já não funciona mais. “Não existe uma normalidade a se voltar. Precisamos reconsiderar o que sempre chamamos de normalidade”, afirma.
A grande ponto colocado por ele, é que todas as sociedades da atualidade têm fissuras, em maior ou menor grau, e a pandemia fez com que estes problemas ficassem cada vez mais expostos. “As fissuras se transformaram em fraturas e nós estamos vendo muitas sociedades extremamente fraturados em virtude da dimensão que a pandemia trouxe. Mostrou que as estratégias dos países estavam sendo mais excludentes do que includentes”, diz.
Carvalho cita o caso dos Estados Unidos, atualmente o país com mais infectados e mortos pela covid-19 em todo o mundo, segundo dados da universidade Johns Hopkins.
Uma das áreas de pesquisa de Carvalho é o campo de defesa e segurança nacional. Na opinião dele, investir em questões militares é tão importante quanto investir em saúde. No começo de setembro, o Brasil inverteu a lógica proposta pelo diretor do Brazil Institute ao enviar o projeto de orçamento ao Congresso Nacional, com previsão de uma verba maior para as Forças Armadas que para o Ministério da Saúde.
“A segurança sanitária é tão relevante para defesa quanto a investimento em tecnologias voltadas para o exercício do poder militar. E não estou falando aqui de armas biológicas, e sim da capacidade de resposta de um país frente a crises, como esta de saúde. Elas afetam diretamente a capacidade de defesa dos países”, diz.