Sérgio Moro: "Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política", afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo
Karin Salomão
Publicado em 5 de novembro de 2016 às 22h22.
São Paulo - Em sua primeira entrevista desde o início da Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro afirmou que jamais entraria para a política.
"Sou um homem de Justiça e, sem qualquer demérito, não sou um homem da política", afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo. "Eu sou um juiz, eu estou em outra realidade, outro tipo de trabalho, outro perfil. Então, não existe jamais esse risco" de entrar para a política, disse ele.
O juiz federal é responsável pelos julgamentos da Operação Lava Jato em primeira instância a partir da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba.
Os processos que saem de sua sala, a respeito do esquema de corrupção que envolve a Petrobras e diversas outras companhias, têm estado entre os principais acontecimentos da história do país.
Apesar de movimentarem intensamente o cenário político no país, Moro acredita que as investigações não abalam as estruturas da democracia brasileira.
"O que traz instabilidade é a corrupção e não o enfrentamento da corrupção. O problema não está na cura, mas, sim, na doença", afirmou ele ao Estado.
E a doença não é pequena. Para ele, a Operação Lava Jato o chocou em relação à dimensão do esquema de corrupção. "O que nós vimos foi um caso de corrupção sistêmica, corrupção como uma espécie de regra do jogo. Empresários pagavam como uma prática habitual e agentes públicos recebiam como se fosse algo também natural", afirmou.
Por isso, para ele, a Justiça precisa aplicar remédios amargos e ser efetiva para demonstrar que essa prática não é tolerada, disse ao jornal.
A manifestação popular ajudou para que a investigação da Polícia Federal tomasse força, segundo Moro. "Nós tivemos aí milhões de pessoas que saíram às ruas, protestando sobre várias coisas, mas protestando também contra a corrupção e dando apoio às investigações", afirmou.
Na entrevista, ele ainda falou sobre o escândalo na Petrobras, criminalização do caixa 2, a delação da Odebrecht, foro privilegiado e o PT. Confira a entrevista completa aqui.