"Não precisa estender bandeira branca porque não estou de fuzil de guerra", afirmou Eduardo Cunha (Antônio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 20 de julho de 2015 às 20h47.
Brasília - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentou indicar que as relações com o Palácio do Planalto seguirão com normalidade, da mesma maneira que eram conduzidas antes do pronunciamento feito por ele na última sexta-feira, 17, quando anunciou seu rompimento com o governo.
"Não precisa estender bandeira branca porque não estou de fuzil de guerra", afirmou depois de ser questionado sobre a fala do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que disse que iria estender uma bandeira de paz no segundo semestre.
Cunha tratou o despacho que pede a atualização dos 11 pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff com naturalidade. Argumentou que fez o despacho na sexta-feira, 17, porque era o último dia de sessão, antes do recesso parlamentar.
"Nada de mais. Não tem nenhum fato. Eu teria feito os despachos de qualquer maneira na sexta-feira", garantiu.
Quem não atualizar os pedidos até o fim do prazo dado por ele terá a solicitação arquivada.
Questionado se poderia ser retaliado com perdas de cargos no governo, negou que tivesse sido favorecido.
"Eu não tenho nenhum cargo indicado. Se acharem algum que eu indiquei, podem demitir", disse.
Sobre a avaliação de integrantes do governo de que o peemedebista vai ficar isolado após romper com o Palácio do Planalto, Cunha desconversou: "Nós vivemos, graças a Deus, numa democracia. Cada um tem o direito de ter a sua opinião".
Cunha ainda afirmou que o fato de ter, na sua militância política, mudado de alinhamento, não significa que o presidente da Câmara vai exercer a presidência com viés de qualquer natureza.
"Será o que vem sendo feito até hoje, será independência de Poderes com harmonia", explicou.
Cunha ainda disse que não tem qualquer poder de ingerência nas escolhas para os cargas das Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) e afirmou que essas escolhas serão definidas após acordo entre os líderes dos blocos parlamentares.
Cunha disse também que seus advogados entraram com reclamação contra o juiz Sérgio Moro, que está à frente das ações da Operação Lava Jato.
Ele, no entanto, não deu maiores explicações sobre a estratégia que adotará a partir dessa petição e que, a partir de agora, as questões jurídicas serão debatidas apenas por seus advogados.