Jaques Wagner, ministro da Defesa: ministro concordou que a proposta original do governo terá de ser revista (Denis Ribeiro)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2015 às 16h05.
Rio - Ao comentar a disposição do governo em modificar propostas que alteram regras de benefícios trabalhistas e previdenciários, o ministro da Defesa, Jaques Wagner (PT), integrante do conselho político da presidente Dilma Rousseff, afirmou nesta terça-feira, 14, que "nada sai do Congresso Nacional exatamente como entrou".
O ministro concordou que a proposta original do governo terá de ser revista, mas não a ponto de descaracterizar o ajuste fiscal.
"Dizer que nada muda é irreal e dizer que tudo muda é impossível. Ou fazemos o ajuste para crescer ou não vamos conseguir retomar a rota do crescimento. Isso está se tornando uma compreensão nacional. Não uma unanimidade, porque cada um acha que o tamanho do ajuste deve ser mais para lá ou mais para cá. Quem mais conhece o tamanho da necessidade é a presidente da República e a equipe econômica, que controlam todos os dados", disse o ministro em entrevista, depois da abertura da feira de defesa e segurança LAAD, no Riocentro (zona oeste).
Protestos
Wagner voltou a comentar a segunda onda de manifestações contra o governo, que aconteceu no domingo, 12. Segundo o ministro, os movimentos que pregam intervenção militar não encontram respaldo nas Forças Armadas.
"No seio das Forças como um todo esse apelo tem aderência tendente a zero. Não digo zero, porque pode ter alguém que pense assim ou assado. Mas está muito claro para as Forças que nosso partido é a Constituição Brasileira. O poder é conquistado pelo voto popular e perdido pelo voto popular também", declarou.
Wagner lembrou que a defesa da intervenção militar "é absolutamente minoritária e gira em torno de 10% de quem estava na rua".
Para o ministro, as manifestações têm "uma bandeira única que é o impeachment, que não consegue motivar". "É diferente de quando houve o movimento pelas Diretas Já ou pelo passe livre", comparou.
O ministro discordou da avaliação do ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro petista Tarso Genro de que o PT exerce papel secundário no governo Dilma.
"Não acho que o papel do PT é secundário. Quem está indo protestar contra o governo protesta contra o PT porque identifica o PT como condutor da uma coalizão de forças. Temos o protagonismo, mas temos que compartilhar com outros partidos que estão conosco. Não tenho visão absolutista do exercício do poder".
Articulação
Para Wagner a decisão da presidente de transferir para o vice-presidente Michel Temer (PMDB) a articulação política do governo foi uma "medida pacificadora".
O ministro da Defesa negou que tenha sido encarregado de conduzir as negociações para preencher cargos do segundo escalão do governo. "Se me pedir para ajudar em alguma coisa, por exemplo, na Bahia, posso fazer essa montagem, mas a função está sob a tutela do vice-presidente Michel Temer, com a presidente", afirmou.