Flávio: filho mais velho do presidente tem sido alvo de investigações (SBT/Reprodução)
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 09h46.
São Paulo —Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) disse, em entrevista a jornal da emissora SBT, que é "contra milícias", e que frases que ele havia dito sobre o tema, em um debate na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) em 2007, foram tiradas de contexto.
Em relação a homenagens que fez a PMs acusados de comandar um dos grupos milicianos mais antigos do Estado, em Rio das Pedras, Flávio justificou que já ofereceu "centenas" de moções parabenizando profissionais de segurança pública e que não sabia, à época, sobre as acusações. Um dos homenageados estava preso no momento em que o pedido de homenagem foi protocolado.
"Eu sou contra milícias, só que nesse momento (em 2007) estava começando uma discussão sobre o que era isso. Estava se generalizando de uma forma muito preocupante", disse Flávio à emissora.
"Eu sempre fiz a defesa dos profissionais de segurança pública. E qualquer lugar onde moravam dois ou três policiais já estava sendo considerado 'milícia'."
Na ocasião, há 12 anos, o deputado federal havia dito que "não se pode simplesmente estigmatizar as milícias", e se referiu aos grupos como um "novo tipo de policiamento".
Nesta quinta-feira, 24, Flávio disse que é contra qualquer tentativa de se implantar um "Estado paralelo" a governos constituídos.
Sobre o PM Adriano Magalhães da Nóbrega, que cumpria pena em 2005 quando foi homenageado por Flávio, o senador eleito disse que "essas informações estão vindo à tona agora, apenas".
O jornal O Estado de S. Paulo também apurou que o filho do presidente empregava, até novembro do ano passado, a mãe e a esposa de Nóbrega em seu gabinete - que teriam sindo indicadas por seu ex-assessor e motorista, Fabrício Queiroz.
Questionado sobre a possibilidade de pedir afastamento de seu mandato no Senado, que assumirá no dia 1º de fevereiro, Flávio disse que isso não ocorrerá. "Mentira, não sei nem de onde surgiu essa historia".
Ele ainda disse que é vítima de uma "grande perseguição política" no Rio de Janeiro, onde é investigado na área cível por suspeita de improbidade administrativa.
Ele foi citado em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que detectou movimentações financeiras atípicas em contas bancárias de servidores e ex-servidores da Casa.
Na entrevista, Flávio alegou que teve seu sigilo bancário quebrado pelo Ministério Público do Rio irregularmente. Os procuradores rebatem a alegação, e dizem que o Coaf encaminhou informações ao MP espontaneamente, por meio de protocolo que existe entre as agências para combater lavagem de dinheiro.
"Tenho a convicção de que o Supremo (Tribunal Federal), ao ingressar no teor dessa minha reclamação, em que eu aponto as irregularidades com provas documentais, com cópia do próprio processo, esse entendimento vai ser pacífico de que houve, sim, quebra do meu sigilo sem autorização judicial", disse.
Ele se referia ao processo que culminou com a decisão do ministro Luiz Fux de suspender a investigação contra Queiroz, até que o relator do caso no STF decida sobre o caso. "Não fui lá pedir foro privilegiado", completou Flávio.