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Na TV, Bolsonaro se solidariza pela primeira vez com vítimas da covid-19

Foi o quinto pronunciamento em rede nacional sobre pandemia; após atritos com Mandetta, disse que “todos os ministros tem que estar sintonizados comigo”

Pronunciamento Bolsonaro  (TV Brasil/Reprodução)

Pronunciamento Bolsonaro (TV Brasil/Reprodução)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 8 de abril de 2020 às 20h38.

Última atualização em 8 de abril de 2020 às 21h59.

O presidente Jair Bolsonaro se solidarizou pela primeira vez publicamente com familiares das vítimas do coronavírus em novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão nesta quarta-feira (08).

"Gostaria antes de mais nada de me solidarizar com as famílias que perderam seus entes queridos nessa guerra que estamos enfrentando", disse.

Segundo o último balanço feito pelo Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira, 8, o Brasil contabiliza pelo menos 800 mortes.

Após uma semana de conflitos e incerteza sobre a permanência de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, o presidente disse que seu papel é ter um olhar amplo e que “todos os ministros têm que estar sintonizados comigo”.

Bolsonaro também afirmou que respeita a autonomia de governadores e prefeitos, mas que não foi consultado sobre amplitude das medidas tomadas e que as respostas não precisam ser sempre iguais.

O presidente insistiu no discurso de que o remédio não pode ser mais danoso que a doença, em referência ao impacto econômico sobre aqueles que perdem o sustento ao serem impedidos de circular.

Ele também falou da liberação, iniciada hoje, de um auxílio emergencial de 600 reais para trabalhadores autônomos informais, intermitentes inativos e microempreendedores.

Outras medidas citadas foram liberação do FGTS, isenção da conta da energia elétrica para os beneficiários da tarifa social por três meses, R$ 60 bilhões via Caixa para capital de giro de micro pequenas e médias empresas e construção civil, e um abono extra para beneficiários do Bolsa Família.

Bolsonaro voltou a falar também sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar a covid-19, logo em seus estágios iniciais. Ele citou como exemplo o diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, Roberto Kalil Filho, que contraiu a doença e confirmou ter utilizado o medicamento.

Apesar de o tratamento ser promissor, até o momento não há evidências comprovadamente científicas de que ele é eficaz para todos os casos. A Organização Mundial da Saúde está liderando uma pesquisa em 12 países, incluindo o Brasil, para identificar as terapias mais indicadas para o novo coronavírus.

Segundo Bolsonaro, o Brasil receberá no sábado matéria-prima para fabricação do medicamento direto da Índia, em um acordo com o primeiro-ministro Narendra Modi.

Durante o pronunciamento, foram registrados panelaços em diversas cidades do país como: São Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador.

Histórico

Foi o quinto pronunciamento do presidente desde o agravamento da pandemia. O último, na terça-feira passada, marcou uma mudança no tom, sem novos questionamentos diretos às medidas de isolamento socia.

Os dias seguintes, no entanto, foram marcados por novas frentes de conflito e a semana começou com ampla incerteza sobre a continuidade de Mandetta.

Houve uma reunião interministerial na segunda-feira (08) e logo depois o ministro anunciou que ficaria no cargo. Ele admitiu que sua equipe havia chegado a limpar as gavetas e fez uma série de referências veladas ao conflito com o presidente.

Desde então, Bolsonaro evitou compromissos públicos e não falou com a imprensa. Nesta manhã, Bolsonaro e Mandetta se reuniram durante duas horas no Palácio do Planalto.

Veja o pronunciamento completo:

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