Michel Temer: o futuro delator promete explicar sua relação com o presidente (Ueslei Marcelino/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de julho de 2017 às 14h33.
Curitiba e Brasília - O operador de propinas Lúcio Bolonha Funaro e sua defesa iniciaram nesta quinta-feira, 6, a produção dos anexos de sua proposta de delação premiada que será entregue ao Ministério Público Federal.
Com revelações sobre a corrupção que envolve medalhões do PMDB, ele promete entregar provas dos pagamentos relacionados ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - que também corre contra o relógio, em busca de um acordo.
Transferido nesta quarta-feira, 5, do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal, a mudança de domicílio prisional foi pedida pelo criminalista Antonio Figueiredo Basto, para permitir a montagem dos anexos, em versão formal para ser entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Procuradoria do Distrito Federal.
Funaro está preso desde julho de 2016, em Brasília, alvo da Operação Sépsis, um desdobramento da Lava Jato que apura corrupção e desvios nos Fundo de Investimentos do FGTS, da Caixa.
Ele seria o arrecadador das propinas em nome de Cunha - preso desde outubro de 2016, em Curitiba.
Nas últimas três semanas, enquanto participava das audiências do processo da Sépsis, na Justiça Federal de Brasília, Funaro vinha escrevendo os resumos do que entregará se o acordo de colaboração for fechado.
Além de detalhar sua atuação para o PMDB da Câmara, o futuro delator promete explicar sua relação com o presidente, Michel Temer.
Os delatores do Grupo J&F apontaram Funaro como operador financeiro do PMDB da Câmara, grupo político de Cunha e Temer.
Há duas semanas, após uma das audiência da Sépsis, Funaro chegou a se reunir por cerca de 30 minutos com o procurador Anselmo Cordeiro Lopes em uma sala reservada onde discutiu os principais temas que delatará.
Anselmo é o procurador das operações Sépsis e Greenfield - que também apura desvios em investimentos de fundos federais.
A colaboração espontânea feita por Funaro na Sépsis serviu para o Ministério Público Federal embasar o pedido de prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, detido na segunda-feira, 3, pela Polícia Federal, após uma decisão do juiz Vallisney.
A prisão foi baseada nos depoimentos de Funaro e Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F.
No pedido enviado à Justiça, a PF e o MPF sustentam que Geddel estaria agindo para atrapalhar as investigações e que o objetivo seria evitar que Cunha e Funaro firmassem o acordo de colaboração.
Temer e Geddel negam envolvimento em irregularidades.