"Pela primeira vez em muitos séculos temos governantes que cuidam dos pobres", acrescentou o ex-presidente (AFP / Juan Mabromata)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2013 às 20h11.
Bogotá - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe de Estado colombiano, Juan Manuel Santos, renovaram nesta terça-feira em Bogotá sua convicção de que a luta contra a pobreza deve ser a base para a construção de sociedades mais igualitárias na América Latina.
Lula e Santos, que participaram de um ato com beneficiados dos programas sociais do governo colombiano, fizeram uma defesa dessas políticas e apresentaram números dos avanços conseguidos em seus países, ao mesmo tempo em que manifestaram sua disposição de seguir lutando pelos mais necessitados.
"Colômbia e Equador são os países que mais reduziram a desigualdade na América Latina", disse Santos, ressaltando que "investir nos pobres é o melhor investimento que pode fazer qualquer sociedade" porque "um país mais justo é um país mais viável, que tem melhor futuro".
Para Lula, os progressos sociais no Brasil e na Colômbia fazem parte de uma tendência que pode ser constatada em outros países da América Latina, entre os quais citou Bolívia, México e Equador.
"Pela primeira vez em muitos séculos temos governantes que cuidam dos pobres", acrescentou o ex-presidente.
Após escutar uma exposição de Santos sobre os avanços de seus dois primeiros anos de governo, Lula disse que gostaria levar da Colômbia informação dos programas oficiais para mostrá-los em outros países como exemplos de "sucesso".
"O senhor demonstra aqui que não se deve esperar que a economia cresça, temos que distribuir a riqueza e crescer ao mesmo tempo", declarou Lula ao presidente colombiano.
Lula também elogiou Santos por devolver "uma pequena parte dos recursos que este país produz para provar que os pobres do mundo não querem receber favores, querem oportunidades".
O ex-presidente lembrou que durante seu mandato decidiu "provar que o dinheiro para os pobres era um investimento e não uma despesa", e apresentou os números de avanços sociais conseguidos pelo Brasil que lhe valeram reconhecimento internacional.
Lula lembrou que durante seus oito anos de governo saíram da pobreza extrema 36 milhões de pessoas, 40 milhões ascenderam à classe média, foram gerados 20 milhões de empregos e o número de pessoas que tinha acesso aos serviços bancários subiu de 70 milhões para 120 milhões.
Santos, que revelou ter se inspirado em Lula para seus programas sociais, destacou que seu governo conseguiu romper nos dois últimos anos "a tendência perversa" da Colômbia, onde a economia crescia, mas também aumentavam as desigualdades.
Do ato, que transcorreu em ambiente festivo em um ginásio esportivo de Bogotá, participaram centenas de beneficiados de programas governamentais que Santos comparou com o Bolsa Família.
Os dois líderes escutaram os testemunhos de alguns dos presentes sobre como o investimento social mudou suas vidas e concordaram que a luta contra a pobreza beneficia não só os que recebem as ajudas, mas o conjunto da economia porque cria uma dinâmica de crescimento.
O presidente colombiano afirmou que nos últimos 34 meses o desemprego se manteve em baixa no país, enquanto a geração de renda cresceu 13,5% entre os pobres.
Santos também elogiou os avanços sociais do Brasil durante o governo Lula e disse que quer "seguir seu exemplo dando resultados concretos, reais" para que as pessoas "possam ver o futuro com otimismo".
"As necessidades de nossos países seguem sendo muito grandes, ainda há muita pobreza, desemprego, pobreza extrema, e, por isso, não podemos baixar a guarda. Temos que perseverar, aprendendo uns com os outros, como fez o senhor no Brasil", declarou a Lula.
O ex-presidente aproveitou a ocasião para felicitar Santos e o povo colombiano pelo esforço que estão fazendo para construir a paz mediante o investimento social e os diálogos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
"Pode ter uma pessoa ou outra que não deseje a paz, mas não sei quem pode ganhar com um conflito armado. Sei que quem perde é o povo", concluiu Lula.