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Museu Nacional de Belas Artes recebe obras de Portinari

Em seu aniversário de 77 anos, o museu assinou o recebimento de 205 pinturas, estudos e esboços, doados pela Finep


	Marta Suplicy: para a ministra da cultura, a doação reforça a importância do Museu Nacional de Belas Artes
 (Agência Brasil)

Marta Suplicy: para a ministra da cultura, a doação reforça a importância do Museu Nacional de Belas Artes (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2014 às 14h34.

Rio de Janeiro – O Museu Nacional de Belas Artes se tornou hoje (13) o detentor do maior acervo público de Cândido Portinari, com 243 obras.

Em seu aniversário de 77 anos, o museu assinou o recebimento de 205 pinturas, estudos e esboços, doados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação.

As obras adquiridas passarão por um processo de análise, catalogação e restauração a partir de 21 de janeiro e devem ser expostas ao público a partir de maio deste ano, antecipou a diretora do museu, Mônica Xexeo.

"Vamos fazer um recorte da doação e vamos apresentar [as obras] de maio a outubro em um dos espaços do museu. Vamos devolver à sociedade essas obras, que nunca foram expostas", diz Mônica.

Mônica classifica o conjunto doado pela Finep como singular. São 22 pinturas e muitos estudos decorativos, esboços e trabalhos preparatórios como para o Palácio Capanema e a Igreja São Francisco de Assis, na Lagoa da Pampulha.

Entre as 205 obras doadas também estão estudos para os painéis "Guerra e Paz", que serão expostos em Paris em 6 de maio. "São obras do período de 1920 até a década de 50. Depois, algumas vão seguir para a galeria permanente".

As obras estavam com a Finep desde 1998, guardadas em um cofre depois de terem sido usadas como garantia para o pagamento de um financiamento tomado pela família do pintor para divulgar seu legado.

Filho do pintor, João Cândido Portinari, lamenta que quase todas as 5 mil obras do pai estejam em acervos privados, cofres e locais inacessíveis ao público.

"Mais de 95% da obra dele continuam invisíveis ao público brasileiro. Só são visíveis através do trabalho que o Projeto Portinari fez pelo site e pelas exposições que a gente faz com reproduções. Quando vem alguém perguntar onde pode ver Portinari, a gente fica até envergonhado de dizer. Estão em coleções particulares e salas de banco inacessíveis. [O trabalho de] Portinari é como um iceberg que a gente só vê uma pontinha".


Formado pela Escola Nacional de Belas Artes, que abriga o museu desde a sua fundação, o pintor também foi lembrado pelo filho como um aluno e um mestre da casa: "Me emociona muito pensar nesse rapazinho que chega aqui. Um caipira praticamente sem nada que vai morar numa pensão e dorme na banheira porque não tinha como pagar o que era necessário. Ele pega um trabalho de entregador de marmita e, ao mesmo tempo, passa a frequentar a Escola de Belas Artes e se entrega emocionadamente. A gente fica imaginando que o espírito dele está nesse espaço, nos olhando e nesse momento deve estar muito feliz de ver que finalmente o museu tem um acervo grande".

Para a ministra da cultura, Marta Suplicy, a doação reforça a importância do Museu Nacional de Belas Artes.

"São obras excepcionais. Isso torna o museu especialíssimo, por Portinari ser um dos grandes pintores brasileiros, talvez o mais importante dos modernistas. Termos esse acervo que vai ficar disponível em maio é relevante porque ele falava da identidade brasileira. Qualquer brasileiro que olhe Portinari, se percebe brasileiro de forma muito forte".

Com a doação da Finep, o Museu Nacional de Belas Artes passa o Museu de Arte de São Paulo, que cai para a segunda posição em acervo público de Portinari, com a série Retirantes.

Os museus Chácara do Céu e do Açude ficam com as duas posições seguintes.

O MNBA já tinha obras importantes como Café e A Primeira Missa.

O pintor nasceu em 30 de dezembro de 1903, em uma fazenda de café em Brodowski, no interior de São Paulo, onde teve uma infância pobre. Entre as obras mais importantes estão O Plantador de Café e os painéis Guerra e Paz, instalados na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York.

Morreu em 6 de fevereiro de 1962, vítima de intoxicação provocada pelas tintas que usava.

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