Putin e Temer: as cartas de d. Pedro II foram adquiridas pelo governo russo nos EUA (Sergei Karpukhin/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 23 de junho de 2017 às 19h33.
Rio - Em visita à Rússia, o presidente Michel Temer recebeu de presente do colega russo Vladimir Putin cinco cartas escritas por d. Pedro II (1825-1891) ao czar Nicolau II (1868-1918), último imperador, destronado durante a Revolução Russa.
Temer ainda não chegou ao Brasil, mas já há quem esteja de olho no regalo: a direção do Museu Imperial de Petrópolis.
"Pedi à presidência do Ibram para que fizesse essa abordagem junto à Presidência da República. Temos extenso arquivo de cartas trocadas entre d. Pedro II com chefes de estado de diversas nacionalidades e intelectuais como o escritor Victor Hugo (1802-1885), o cientista Louis Pasteur (1822-1895), o compositor Richard Wagner (1813-1883)", afirmou o presidente do Museu Imperial de Petrópolis, Maurício Vicente Ferreira Júnior.
As cartas de d. Pedro II foram adquiridas pelo governo russo nos Estados Unidos. A assessoria da presidência da República informou que ainda não as reproduziu.
O imperador brasileiro fez três grandes viagens ao exterior em 1871 (Europa e Oriente Médio), 1876 (Estados Unidos, Europa e Oriente Médio), 1887 (Europa). Ele se correspondia com os mandatários dos demais países antes, durante e depois das viagens.
"Havia muita curiosidade em torno do imperador brasileiro. E ele era muito culto, tinha muitos interesses."
Além do conjunto de cartas, o Museu Imperial tem ainda 47 cadernetas com os diários de viagem do imperador. Em 1876, ele esteve na Rússia. Da passagem, restou apenas a descrição da Biblioteca de São Petersburgo.
"Ele era muito sistemático, registrava tudo. Mas nem tudo sobreviveu ao tempo."
A coleção de registros de viagem de d. Pedro II recebeu o reconhecimento da Unesco com a inscrição no Registro Internacional do Programa Memória do Mundo, em 2013.
A premiação tem status de Patrimônio Documental da Humanidade.
"Essas cartas a Nicolau II fariam parte desse conjunto muito expressivo de documentos do imperador", afirma Ferreira Júnior, na torcida para que Temer eleja o Museu Imperial para guardá-las.