Rio de Janeiro: estado é um dos mais afetados pelo coronavírus e algumas cidades podem entrar em lockdown (Fabio Teixeira/Getty Images)
Agência O Globo
Publicado em 7 de maio de 2020 às 18h40.
Última atualização em 7 de maio de 2020 às 19h23.
O governador Wilson Witzel disse ao GLOBO que a decisão de lockdown (fechamento total) para o combate ao coronavírus ficará a cargo de cada prefeito. E que o estado contribuirá com os apoios das polícias Militar e Civil para a fiscalização.
- O governo estadual já tomou todas as medidas para isolamento social. A decisão de lockdown ficará a cargo de cada município, e o estado dará apoio da Polícia Militar e da Polícia Civil para fiscalizar o cumprimento - disse Witzel, informando que já disponibilizou as polícias Militar e Civil para os municípios do Rio, de Niterói, Belford Roxo, Nova Iguaçu e Duque de Caxias.
"Prefeito, conte com o apio da PM e PC para dar efetividade ao cumprimento dos bloqueios", diz mensagem enviada por aplicativo de celular aos prefeitos das referidas cidades.
Na semana passada, o governador já havia informado ao GLOBO que "não cogita lockdown". Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira, ele afirmou que um fechamento total pode vir a ser implementado em todo o estado apenas se determinado pelo Poder Judiciário.
— Esse conceito de lockdown não existe no nosso ordenamento jurídico. Nós teríamos que construir isso. O próprio poder Judiciário, em uma decisão que impede a realização de carreatas, estabeleceu uma multa de R$ 50 mil para os organizadores. Essas medidas têm que ser debatidas. No Maranhão, (o lockdown) veio pela via Judiciária. Aqui, se for o caso, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) tem que entrar na Justiça. Pode acontecer no Rio de Janeiro. Pode ser que o MP tenha que entrar na Justiça para que o Poder Judiciário estabeleça esses limites para a circulação de pessoas. A medida efetiva que podemos tomar neste momento é conscientizar as pessoas e, caso não, fiquem em casa, tomar medidas sancionatórias. Não temos na legislação claramente esse tipo de sanção. Precisaríamos fazer com que ela fosse construída.
Oficialmente, o Ministério Público do Rio informa apenas que aguarda o resultado de um estudo sobre a viabilidade de lockdown, determinado ao estado e à Prefeitura do Rio, para "posterior avaliação dos próximos passos a serem adotados". Fontes do MP, contudo, afirmam que, caso os estudos que serão entregues por Witzel e pelo prefeito Marcelo Crivella sejam favoráveis ao lockdown, a promotoria de tutela coletiva deverá entrar com uma ação na Justiça para a decretação do fechamento total no estado.
Enquanto o MP-RJ não toma a decisão, Witzel se preserva politicamente ao dar autonomia para os prefeitos decidirem se aderem ou não ao lockdown, uma medida vista como impopular por parte da população.