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Mulheres vão às ruas de São Paulo para marcar o 8 de março

Dois protestos partiram de locais diferentes, um da Praça da Sé e outro do Museu de Arte de São Paulo (Masp), mas se encontraram no centro da capital

Dia da Mulher em SP: os protestos se posicionaram contra as propostas de reforma da Previdência e trabalhista, além da violência, o machismo e a favor da legalização do aborto (Nacho Doce/Reuters)

Dia da Mulher em SP: os protestos se posicionaram contra as propostas de reforma da Previdência e trabalhista, além da violência, o machismo e a favor da legalização do aborto (Nacho Doce/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 8 de março de 2017 às 22h58.

Última atualização em 9 de março de 2017 às 10h43.

Mulheres foram às ruas de São Paulo nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, para celebrar e manifestar. Dois protestos partiram de locais diferentes, um da Praça da Sé e outro do Museu de Arte de São Paulo (Masp), mas se encontraram no centro da capital, reunindo cerca de 30 mil pessoas, segundo a organização.

A Polícia Militar não indicou o número de participantes. Os protestos se posicionaram contra as propostas de reforma da Previdência e trabalhista, além da violência, o machismo e a favor da legalização do aborto.

"Além da questão da violência e da legalização do aborto, outra violência contra a classe trabalhadora é, em especial, a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] 287 [que trata da Previdência]", disse Juneia Batista, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Procurada pela Agência Brasil, a Secretaria Especial da Previdência Social do governo federal informou, por meio da assessoria de imprensa, que não iria se manifestar sobre os protestos.

O ato na Sé teve início após a Assembleia das Trabalhadoras Cutistas contra a Reforma da Previdência, que foi realizada em frente ao prédio do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), no Viaduto Santa Efigênia.

No Masp, na Avenida Paulista, professores da rede estadual também fizeram assembleia antes de sair em caminhada. A atividade teve como propósito mobilizar professores para uma greve geral da educação anunciada para este mês.

A estudante Mariane Garcia, 20 anos, da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (Upes), resolveu apoiar o ato dos professores no Masp.

"Nós visamos a qualidade educacional neste dia das mulheres. As professoras precisam ser mais valorizadas", avaliou. Eliane Vendranmetro, do Sindicato dos Especialistas da Educação de São Paulo, participou da concentração na Praça da Sé e, para ela, não há o que comemorar neste dia.

"Estamos atravessando um período de muitas perdas com a reforma [da Previdência] e o prejuízo maior é das mulheres", opinou.

O ato no Masp foi também convocado pelas redes sociais por coletivos feministas como parte de uma mobilização internacional chamada 8M.

"Este é um movimento internacional de greve de mulheres, uma iniciativa que começou com as mulheres da Argentina, o [movimento] Nenhuma a Menos, e que se somou ao movimento nos Estados Unidos contra [o presidente Donald] Trump. Isso porque a violência é um problema mundial e que se soma a um problema social", explicou Ana Pagu, do Movimento Mulheres em Luta, uma das organizações que compõe o 8M no Brasil.

Diversidade

A indígena Mbo' Y Jegua'i, da tribo Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, participou do ato em São Paulo.

"A nossa vinda para cá é para denunciar o genocídio contra o povo indígena e, principalmente, contra as nossas mulheres", justificou.

A ajudante de serviços gerais Eronilde Mendes foi ao ato com as duas netas. "Vim ao ato para protestar pela reforma da Previdência e pela luta contra discriminação às lésbicas. Minhas netas vieram representar a mãe, que é lésbica, e por isso acho que não podemos perder nossos direitos e liberdade", disse.

A arquiteta Maria Raquel Rangel, 28 anos, participa de um grupo de estudos feminista de psicologia e acredita que o 8 de março é um momento ápice de expressão das mulheres.

"O movimento feminista está dentro da gente. E é o momento para colocar para fora, porque tudo pede essa mobilização: acabar com a violência, acabar com as mortes", defendeu.

Também era possível perceber a presença de muitos homens no ato. Foi o caso do professor aposentado Ênio Buckione que acompanhou a esposa Deise Maria Santos Aguiar.

Para ele, "o 8 março no Brasil se encaixa nesse quadro de luta contra a reforma da Previdência e de resistência".

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