A América é a região com a média de parlamentares mulheres mais alta do mundo, com 24,1% (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de março de 2013 às 21h50.
Redação Central - Às vésperas da comemoração do Dia Internacional da Mulher e em um cenário de crise econômica, as mulheres são afetadas por taxas mais altas de desemprego do que os homens, e a diferença salarial entre os gêneros se mantém, mas na política e nos conselhos de direção elas aumentam sua presença, sobretudo graças a cotas, segundo um recente relatório da Organização Internacional do Trabalho.
Na América Latina, a participação da mulher no mercado de trabalho continua crescendo com força e, segundo ressaltou nesta quarta-feira em entrevista coletiva em Madri o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina, Augusto de la Torre, 'as mulheres casadas têm se incorporado ao mercado de trabalho' nos últimos anos.
O desempenho educativo das mulheres na América Latina começa a superar o dos homens, segundo De la Torre, que destacou também que para as latino-americanas que se incorporam à classe média, o trabalho já não é 'uma grande necessidade', mas parte da 'realização humana'.
As mulheres também aumentaram sua presença na política, embora este aumento ainda dependa das cotas, que são as responsáveis pelo número de parlamentares no mundo ter aumentado quase 1% em 2012 na comparação com 2011, segundo dados publicados nesta semana pela União Interparlamentar (UIP).
A América é a região com a média de parlamentares mulheres mais alta do mundo, com 24,1%, enquanto na Europa a porcentagem subiu para 23,2% em 2012, contra 17,4% de 2002, o que mostra um progresso constante na última década.
No mundo empresarial, a porcentagem de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas europeias aumentou em outubro do ano passado para 15,8%, 2,1 pontos percentuais a mais do que dez meses antes, segundo dados da Comissão Europeia.
Para que uma mulher ganhasse na União Europeia (UE) o mesmo que um homem, teve que trabalhar uma média de 59 dias a mais por ano, segundo dados de 2010 do Eurostat (órgão de estatísticas oficiais da UE), que apontam ainda que a diferença salarial média foi de 16,2%.
Na Alemanha, as diferenças salariais se dão nas mesmas profissões e em todos os níveis da escala salarial, e a remuneração das mulheres está, na média, 23% abaixo da dos homens.
No Reino Unido, a fim de evitar a imposição de cotas nas empresas, o governo encorajou em 2011 as companhias que têm cotação na Bolsa de Londres a ampliar até 25% o número de mulheres em seus conselhos de administração até 2015.
No ano passado, o governo da Irlanda sancionou uma lei destinada a obrigar os partidos a incluir nas eleições de 2016 pelo menos 30% de candidatas na câmara baixa.
A respeito das cotas de participação feminina, na Itália entrou em vigor no dia 12 de agosto uma lei que obriga as empresas estatais e aquelas com cotação na bolsa a fazer com que 20% dos membros dos Conselhos de Administração sejam mulheres, e que a partir de 2015 a presença feminina chegue a um terço.
Em Portugal, desde 2006, a Lei de Paridade obriga os partidos a ter pelo menos 33,3% de homens e de mulheres. No governo só há duas ministras, e no parlamento, apenas 26,5% dos 169 deputados são mulheres, embora uma presida a instituição.
Na Índia, as diferenças de salário não centram o debate sobre a discriminação feminina, devido a outras preocupações mais urgentes como o analfabetismo e o alto número de agressões sexuais.
A lei palestina reserva às mulheres 20% das cadeiras no Parlamento e também obriga os partidos a introduzir pelo menos duas mulheres em suas candidaturas para os conselhos locais.
Em Israel, a lei exige igualdade salarial, mas as ONGs de direitos humanos denunciam que as mulheres ganham cerca de um terço a menos que os homens nos mesmos postos, e não há cotas para as mulheres nem no mundo empresarial nem na esfera pública.
Na terceira maior economia mundial, o Japão, as mulheres só representam 5% dos membros dos conselhos de administração das grandes empresas, segundo números da OCDE.
Apesar dos avanços conseguidos nos últimos anos na América, em países como o Brasil as mulheres continuam ganhando menos que os homens, e a taxa de desemprego também é sinal da diferença de gêneros, pois entre as mulheres é de 9,1%, quase o dobro da registrada entre os homens (4,9%).