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Múcio defende soltura de envolvidos no 8 de janeiro e diferenciação de penas

Segundo o chefe da pasta, a soltura de pessoas pode ajudar a promover a pacificação do país

Ministro da Defesa, José Múcio (Roda Viva/TV Cultura/Reprodução)

Ministro da Defesa, José Múcio (Roda Viva/TV Cultura/Reprodução)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 11 de fevereiro de 2025 às 13h53.

Última atualização em 11 de fevereiro de 2025 às 14h22.

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O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu nesta segunda-feira, 10, a diferenciação de pessoas com participação mínima nos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo o chefe da pasta, a soltura de pessoas pode ajudar a promover a pacificação do país.

As declarações foram feitas em uma entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura. Mucio afirmou que o julgamento da suposta trama golpista pelo STF será fundamental para determinar se os atos configuraram uma tentativa de ruptura institucional. Para o ministro, as Forças Armadas aguardam a conclusão desse processo para dissipar a "nuvem de suspeição" que recai sobre os envolvidos.

Múcio destacou a importância de aplicar punições proporcionais, diferenciando os envolvidos de acordo com seu grau de responsabilidade nos atos de 8 de janeiro. "Deveria ter uma dosimetria: tem gente que quebrou uma cadeira, tem gente que armou esse movimento, o golpe, como você diz. Se for tudo comprovado, que este pague. Se foi um golpe, quem organizou que pague. Agora, e aqueles, que tomaram seus ônibus, estavam lá tirando foto de celular".

O ministro reforçou: "Tinha os que entraram quebrando, os que ficaram do lado de fora. Tem todo tipo. Você não pode condenar uma pessoa, dar uma pena, da mesma maneira, a quem armou, quem financiou e uma pessoa que foi lá, encher o movimento."

José Múcio evitou definir os ataques como uma tentativa de golpe, afirmando que, se houve tal intenção, "quem organizou deve pagar". Mas disse que muitos manifestantes tinham níveis distintos de envolvimento.

Jair Bolsonaro

No programa, o ministro revelou que recorreu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para facilitar o contato com os comandantes das Forças Armadas ao assumir a pasta após as eleições de 2022. Múcio explicou que Bolsonaro atendeu ao pedido e telefonou para seus aliados. Na ocasião, apenas o Almirante Almir Garnier Santos, então comandante da Marinha, recusou o encontro.

"A primeira dificuldade foi ser recebido pelos comandantes. Foi quando eu recorri ao presidente Bolsonaro, meu colega de muitos anos, sempre tivemos uma relação muito boa — contou Múcio, ao relatar como foi a aproximação com os militares — Mas teve uma coisa curiosa. Ele [Garnier Santos] não foi passar o cargo, a posse foi entre 10h e 11h, mas ele foi para o nosso almoço, com todo mundo junto. Foi uma coisa acho que mais por birra política".

Anistia aos envolvidos no 8 de janeiro

Múcio afirmou que a decisão sobre uma possível anistia cabe ao Congresso Nacional, mas destacou que liberar inocentes ou pessoas sem participação direta e intensa nos ataques já representa um passo em direção à pacificação.

Durante a entrevista, o ministro chegou a referir-se aos ataques como "golpe", mas recuou, ressaltando que apenas o julgamento da Justiça poderá definir se houve uma tentativa de derrubar o governo Lula (PT).

"Ali tinha gente de todo o tipo, tinha os inocentes, tinha os baderneiros, tinha os baderneiros profissionais que foram só para quebrar, mas quebrar derrubava o governo? Quebrar? Havia algum movimento? As figuras que organizaram aquilo, que idealizaram, no dia não apareceram."

O ministro da Defesa também defendeu o fim da polarização no país, destacando a importância de superar o revanchismo para focar no futuro, sem deixar de corrigir eventuais abusos cometidos no passado. "Quando houve o golpe de 1964, esses militares tinham 3 anos, 4, 5 anos de idade, acho que temos casos que precisamos rever para pacificar esse país, mas nós só pacificaremos esse país quando colocarmos ao lado esse revanchismo".

A Polícia Federal já denunciou 40 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontado como parte do suposto braço político do plano. As investigações indicam que havia até mesmo a intenção de assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Até agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou mais de 300 pessoas acusadas de envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023, segundo números divulgados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em dezembro.

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