Migrantes: detidos no Aeroporto de Guarulhos enfrentam condições degradantes, segundo MPF (Divulgação/ MPF)
Agência de notícias
Publicado em 17 de outubro de 2024 às 19h50.
Última atualização em 17 de outubro de 2024 às 20h11.
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou, na terça-feira, 15, medidas para garantir os direitos dos migrantes retidos no Aeroporto de Guarulhos. No documento, a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) solicita ao Ministério da Justiça a revogação de uma medida que impede o reconhecimento de refugiados para viajantes em escala no Brasil.
Essa determinação afeta aqueles que desembarcam nos aeroportos brasileiros sem visto de entrada. Incapazes de solicitar refúgio, os migrantes são forçados a seguir para o destino ou retornar ao país de origem.
A recomendação, assinada pelo procurador federal Nicolao Dino, afirma que a medida ultrapassa os limites legais e contraria a Lei de Migrações. Segundo o MPF, a legislação brasileira garante o direito de solicitação de refúgio independentemente das condições de chegada. Entre janeiro e julho deste ano, o Aeroporto de Guarulhos recebeu mais de 5 mil solicitações de refúgio.
"Independentemente das condições de chegada do estrangeiro, a lei garante expressamente a sua manifestação de vontade", ressaltou a PFDC. Além disso, o documento alega que a medida fere o devido processo legal, forçando os migrantes a deixar o país sem defesa adequada.
Uma inspeção realizada pelo MPF constatou que 109 estrangeiros vivem em condições precárias no aeroporto. Eles reclamam da falta de acesso a banhos, cobertores insuficientes e alimentação inadequada. Um migrante vietnamita descreveu as condições como “frias e sujas”, relatando a dificuldade em obter cobertores.
A PFDC recomendou à concessionária do aeroporto e às companhias aéreas a adoção de medidas para garantir o tratamento digno, assistência material e alimentação adequada para os migrantes detidos.
A medida foi tomada após a Polícia Federal identificar o Brasil como rota de tráfico internacional de pessoas. Desde o início de 2023, migrantes de países como Vietnã, Índia e Nepal começaram a usar o Brasil como escala para outros destinos. A PF acredita que o instituto do refúgio tem sido utilizado de forma abusiva no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Os dados da PF mostram que, de mais de 8 mil pedidos de refúgio no período de janeiro de 2023 a julho de 2024, apenas 1,41% permanece ativo no Sistema de Registro Nacional Migratório.