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MPF diz que indícios contra Lula são "bem significativos"

"Temos palestras e obras de Lula no exterior (financiadas por empresas envolvidas em desvios da Petrobras), tudo está sob investigação", frisou o procurador


	O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima: "temos palestras e obras de Lula no exterior (financiadas por empresas envolvidas em desvios da Petrobras), tudo está sob investigação"
 (Reprodução)

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima: "temos palestras e obras de Lula no exterior (financiadas por empresas envolvidas em desvios da Petrobras), tudo está sob investigação" (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2016 às 12h36.

Rio de Janeiro .- O conjunto de indícios contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção é "bastante significativo", afirmou nesta sexta-feira em entrevista coletiva em Curitiba o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa do Ministério Público Federal que investiga os casos de desvios e cartel na Petrobras.

"O conjunto de indícios é bastante significativo, mas muitos deles apareceram na imprensa antes que fizéssemos uma investigação profunda", disse Lima.

"Temos palestras (de Lula) no exterior (financiadas por empresas envolvidas em desvios da Petrobras), indícios de obras no exterior no qual poderia haver tráfico de influência, tudo sob investigação", frisou o procurador.

A Polícia Federal iniciou às 6h de hoje uma ampla operação em várias cidades, cumprindo mandados de busca e apreensão em diversas residências da família do ex-presidente, que foi transferido a uma delegacia no aeroporto de Congonhas para prestar depoimento por supostos crimes de corrupção, como ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro.

Segundo Lima, o Instituto Lula recebeu cerca de R$ 20 milhões em doações das cinco empresas mais envolvidas nos desvios na Petrobras.

O procurador acrescentou que o ex-chefe de Estado recebeu dessas mesmas cinco empresas cerca de R$ 10 milhões como pagamento por palestras que fez tanto no Brasil como no exterior.

De acordo com as contas do Ministério Público, do total de recursos recebidos pelo Instituto Lula nos últimos anos, 60% veio das cinco empresas mais implicadas no esquema da Petrobras, que também foram responsáveis por 47% dos recursos que o ex-governante recebeu para dar palestras desde que foi sucedido por Dilma Rousseff em 2011.

"É claro que doações podem ser feitas por diversos motivos, mas temos que investigar se isso tem alguma relação com os desvios da Petrobras", destacou Lima.

Segundo o procurador, a operação desta sexta-feira procura estabelecer se Lula e sua família receberam vantagens indevidas em troca de eventuais medidas de seu governo.

"Essa é a hipótese que estamos investigando. Existem evidências que houve pagamento de vantagens", sustentou.

Lima disse que entre essas possíveis vantagens investigadas estão as obras e reformas feitas por empresas como Odebrecht e OAS no triplex do Guarujá e no sítio de Atibaia que estão no nome de outras pessoas, mas que as autoridades averiguam se pertencem ao ex-presidente.

O procurador exemplificou que as obras no apartamento do Guarujá tiveram um custo de R$ 700 mil.

"Os favores são muitos e difíceis de quantificar. É mais fácil quantificar as obras no apartamento e no sítio. Outros favores estão sendo investigados", declarou.

De acordo com o procurador, apesar do foco da operação ser o ex-presidente, o Instituto Lula e a empresa que abriu para ministrar palestras, a investigação também se estendeu aos filhos do ex-presidente.

"Há indícios que valores do Instituto Lula beneficiaram empresas dos filhos. Como não vemos nenhuma motivação econômica para essa contratação, estamos investigando se esses valores correspondem a serviços prestados ou não", afirmou, ao referir-se a um contrato no valor de R$ 1 milhão.

Sobre a ordem para que Lula fosse conduzido a uma delegacia para ser submetido a interrogatório, o procurador esclareceu que foi expedida por motivos de segurança.

"As ordens foram expedidas muito mais por segurança porque sabemos da polarização que existe no país. Quisemos evitar manifestações caso determinássemos uma data para o interrogatório", disse Lima, em referência aos enfrentamentos ocorridos hoje entre partidários de Lula e da oposição.

O delegado da Polícia Federal, Igor Romário de Paula, responsável pela operação, admitiu que, apesar do sigilo, a informação sobre a operação vazou e alguns grupos tentaram organizar manifestações para enfraquecê-la.

"Vimos uma mobilização de pessoas vinculadas à família (de Lula) e ao PT com a intenção de mobilizar pessoas para tentar prejudicar a operação", disse. 

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