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MPF cobra explicações sobre atendimento a venezuelanos em São Paulo

Baseado em informações divulgadas pela imprensa, MPF diz que há suspeitas de que abrigos têm restrições que dificultam vida e integração dos migrantes

Venezuelanos: maior parte dos 212 que vieram para a capital paulista foram recebidos no Centro de Acolhimento Temporário de São Mateus (Nacho Doce/Reuters)

Venezuelanos: maior parte dos 212 que vieram para a capital paulista foram recebidos no Centro de Acolhimento Temporário de São Mateus (Nacho Doce/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 20 de junho de 2018 às 17h52.

O Ministério Público Federal cobrou explicações da Prefeitura de São Paulo sobre as condições dos migrantes venezuelanos recebidos na cidade.

Segundo a Procuradoria do Estado, os mais de 200 estrangeiros instalados em três centros de acolhimento têm enfrentado"desrespeito a direitos básicos e dificuldades de adaptação". O órgão enviou três ofícios cobrando explicações da municipalidade.

Baseado em informações divulgadas pela imprensa, o MPF diz que há suspeitas de que os abrigos têm diversas restrições que dificultam a vida e integração dos venezuelanos.

"Os abrigos estariam restringindo os horários de alimentação, o acesso a equipamentos como computador, máquina de lavar e TV e até mesmo o direito dos imigrantes de se reunirem e conversarem", destaca a nota do órgão.

Os venezuelanos que cruzaram a fronteira em Roraima, fugindo da crise econômica e política no país vizinho, começaram a chegar a São Paulo, como parte de uma política de integração, no início de abril. A maior parte (179) dos 212 que vieram para a capital paulista foram recebidos no Centro de Acolhimento Temporário (CTA) de São Mateus, na zona leste. O restante foi para os centros do Butantã, na zona oeste, e da Penha, também na parte leste da cidade.

O MPF diz ainda que os cursos de português oferecidos aos estrangeiros são ministrados em locais distantes dos centros de acolhimento, dificultando a frequência.

Além da prefeitura e os centros de acolhimento, o MPF também solicitou explicações às secretarias municipal e estadual de saúde sobre as providências tomadas para evitar um possível surto de poliomielite ao país. O órgão lembra que o Ministério da Saúde emitiu alerta para o risco de proliferação da doença devido ao ocorrido na Venezuela.

Todos os oficiados têm um prazo de dez dias para responder aos questionamentos da procuradoria.

A Prefeitura de São Paulo disse, por meio de nota, que as regras de convivência nos centros são formatadas em assembleias pelos usuários em conjunto com a administração. "As afirmações sobre cerceamento de conversas ou reuniões entre os venezuelanos nos Centros Temporários de Atendimento (CTAs) não procedem. É impossível, por exemplo, a proibição de reunião, uma vez que os imigrantes já estão reunidos no mesmo local", diz comunicado sobre os questionamentos do MPF.

Sobre os cursos de português, a administração municipal diz que 80 venezuelanos foram matriculados na Escola Municipal José Maria Whitaker, que fica a 1,7 quilômetro ou 20 minutos de caminhada do CTA. Outros 32 estrangeiros estudam na Escola Municipal Coelho Neto, que fica a 3,5 quilômetros do centro de acolhimento, em um trajeto de 20 minutos de ônibus.

Em relação à poliomielite, a prefeitura ressaltou que a vacina contra a doença não é aplicada em adultos, mas todas as crianças têm o calendário de vacinação atualizado.

 

 

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