Carlos Nuzman: ele foi preso nesta quinta-feira, pela Polícia Federal, na Operação Unfair Play (Toru Hanai/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de outubro de 2017 às 10h54.
Última atualização em 5 de outubro de 2017 às 10h55.
Rio - O presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, teve crescimento "exponencial" de seu patrimônio entre 2006 a 2016: 457%, segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Só em 2014, o patrimônio de Nuzman dobrou, com um acréscimo de R$ 4,2 milhões. Os bens de Nuzman incluem 16 barras de ouro, depositadas em um cofre na Suíça, segundo denúncia dos procuradores federais à Justiça. O cartola foi preso nesta quinta-feira, pela Polícia Federal, na Operação Unfair Play - Segundo Tempo.
De acordo com o MPF, "chama a atenção o fato de que, desse valor, R$ 3.851.490,00 são decorrentes de ações de companhia sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal." As informações foram obtidas com a quebra do sigilo fiscal do presidente do COB. O MPF destaca ainda que as declarações de Imposto de Renda de Nuzman não registram a sua remuneração recebida do COB ou do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 2016.
"Por outro lado, Nuzman justifica a origem de seu patrimônio a partir do recebimento de valores de pessoas físicas e do exterior. Contudo não há explicações sobre quem efetivamente lhe remunerou.Não há indicação de empresas ou de CPFs que permitiriam a real constatação da origem (e legitimidade) dos recursos que formam seu patrimônio", afirma o MPF.
Os procuradores alertam que a situação é agravada com a retificação da declaração do Imposto de Renda realizada poucos dias após a deflagração da Operação Unfair Play. Na ocasião, Nuzman foi intimado a comparecer na Polícia Federal. Também foram realizadas buscas e apreensões em sua residência e empresas.
"Com efeito, Carlos Nuzman mantinha recursos ocultos no exterior e somente os declarou à Receita Federal por meio de retificação da DIRPF na data de 20/09/2017, ou seja, após a deflagração da Operação Unfair Play. Ciente das apreensões realizadas em sua residência, inclusive de informações e elementos que levariam ao conhecimento de tais bens no exterior, Carlos Nuzman tentou regularizar sua situação", disse a denúncia.
Um dos objetos apreendidos pela equipe da Lava Jato foi uma chave que os procuradores desconfiam que pode corresponder a um cofre do presidente do COB na Suíça.
Ela estava guardada junto a cartões de visita de agentes que trabalham com "serviço de locação". "Sabendo dessa apreensão, Nuzman tentou adiantar-se para evitar que as barras de ouro possivelmente depositadas no aludido cofre fossem descobertas pelas investigações. Segundo o MPF, Nuzman teria feito retificações em sua declaração para incluir valores em dinheiro vivo, bem como as barras de ouro de 1kg cada.
O Estado ainda não conseguiu contato com a defesa do ex-presidente do COB, para que comente a denúncia.