Kassab: o político é acusado por uma testemunha protegida da máfia do ISS de ter recebido "uma fortuna" da empresa Controlar (Prefeitura de SP/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2014 às 10h13.
São Paulo - O Ministério Público Estadual (MPE) pretende levantar indícios que sustentem um pedido de quebra do sigilo bancário do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, acusado por uma testemunha protegida da máfia do Imposto Sobre Serviços (ISS) de ter recebido "uma fortuna" da empresa Controlar, responsável pela inspeção veicular.
Para isso, o promotor de Justiça Cesar Dario Mariano, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, pediu três levantamentos: um sobre a relação de bens de Kassab, um sobre as empresas em nome dele (na Junta Comercial do Estado de São Paulo) e outro sobre as movimentações financeiras feitas relacionadas ao Cadastro de Pessoa Física (CPF) do ex-prefeito, ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), do Ministério da Fazenda.
Mariano quer saber se os relatórios mostram algum sinal de incompatibilidade entre a renda de Kassab e o patrimônio. Foi com o cruzamento desses dados que os integrantes da máfia foram descobertos. Eles cobrariam propina para maquiar dados financeiros e permitir que empresas de construção sonegassem impostos.
"Os indícios contra Kassab, por enquanto, são muito incipientes", disse o promotor de Justiça. "Temos apenas o depoimento da testemunha", afirma. No relato, a testemunha afirmou que o ex-prefeito de São Paulo teria guardado a "fortuna" em seu apartamento. Kassab vive no Itaim-Bibi, na zona sul.
Quando a contratação da Controlar passou a ser questionada - também pelo MPE - Kassab teria pedido ajuda ao empresário Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia, para esconder o dinheiro.
Mariano vê fragilidade na acusação pelo fato de que a testemunha diz que ouviu essa história de uma terceira pessoa, o auditor Fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como chefe da máfia dos impostos.
Rodrigues "gabava-se" da proximidade dele com o ex-prefeito, ainda de acordo com essa testemunha. Teria ouvido a história por Marco Aurélio. O ex-secretário de Finanças da capital na gestão Kassab, Mauro Ricardo, chefe de Rodrigues, também é investigado pelo MPE. Contra Ricardo, pesam acusações feitas pela mesma testemunha de pedir favores à quadrilha para favorecer empresas.
Justiça
A relação de Kassab e a Controlar foi analisada pela Justiça na semana passada e o ex-prefeito foi absolvido da acusação de favorecer ilegalmente a empresa, quando assinou o contrato de inspeção.
Kassab não foi localizado nesta terça-feira, 21. Na semana passada, ele classificou as acusações como "fantasiosas". Os demais envolvidos também negaram as acusações presentes no depoimento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.