Flávio Bolsonaro: senador é investigado por "rachadinha" em seu gabinete quando deputado na Alerj (Sergio Moraes/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 14h34.
Rio de Janeiro — O Ministério Público do Rio de Janeiro aponta, na investigação sobre a "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), que o ex-assessor Fabrício Queiroz não agiu sem o conhecimento de seus superiores hierárquicos ao recolher parte dos salários de outros funcionários.
A afirmação é feita ao menos duas vezes no documento que os promotores encaminharam à Justiça para pedir a operação de busca e apreensão, realizada nesta quinta-feira (18).
O MP cita uma troca de mensagens entre Queiroz e uma ex-assessora apontada como fantasma, Danielle Nóbrega, como prova. Nomeada por Flávio em setembro de 2007 e exonerada em novembro de 2018, ela foi casada com Adriano Magalhães da Nóbrega, acusado de ser o homem-forte do Escritório do Crime, organização suspeita do assassinato da vereadora Marielle Franco.
"Fabrício Queiroz não agiu sem o conhecimento de seus superiores hierárquicos como alegou sua defesa nos autos do Procedimento Investigatório Criminal, pois o próprio revelou para Danielle Mendonça que retinha contracheques para prestar contas a terceiros sobre os salários recebidos pelos 'funcionários fantasmas' e os percentuais retornados ('rachadinhas') à organização criminosa".
Segundo informações do jornal O Globo, na mensagem obtida pelos investigadores, de janeiro de 2018, Queiroz diz a Danielle que está de férias e não pegou o contracheque dela. Ele pede que Danielle informe o valor que foi depositado naquele mês para ele "prestar a conta".
No fim de novembro, um julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o compartilhamento irrestrito de dados sigilosos de órgãos de controle financeiro como a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), e a Receita Federal sem prévia autorização judicial.
Com a decisão, as investigações envolvendo Flávio e Queiroz, que estavam suspensas desde julho à espera desse julgamento, foram retomadas.
Em dezembro de 2018, um relatório do Coaf apontou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta do senador, quando ainda era deputado estadual. O documento aponta Queiroz como responsável pelas movimentações.
Para ter acesso às informações, o Coaf repassou ao Ministério Público dados bancários do então deputado, o que sua defesa identificou como “quebra de sigilo fiscal e bancário”.