Copo de leite: fraudadores também colocavam no leite peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para elevar a durabilidade do leite, já que o produto é bactericida (Scott Olson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2013 às 14h55.
Brasília - O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) deflagrou hoje (7) em Três de Maio, no noroeste do estado, mais uma etapa da Operação Leite Compen$ado para desarticular um esquema de adulteração de leite. Segundo as investigações, um transportador de 31 anos, preso em flagrante por posse ilegal de arma, chefia uma quadrilha composta por esposa e dois sobrinhos, que são os motoristas do grupo.
De acordo com o Ministério Público, o grupo adicionava produtos químicos ao leite in natura para mascarar a água adicionada para aumentar o volume do produto final, o que causa redução do valor nutritivo do leite e riscos à saúde dos consumidores.
Além disso, os fraudadores também colocavam peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para elevar a durabilidade do leite, já que o produto é bactericida.
A investigação mostrou que o grupo comprava leite prestes a vencer por preço até 50% inferior ao do mercado e, após a manipulação com o peróxido de hidrogênio, repassava para a indústria.
O produto elimina as vitaminas A e E. Além disso, em altas concentrações, prejudica a flora intestinal.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro locais, o que resultou na apreensão de 50 litros de peróxido de hidrogênio, 100 litros de soda cáustica, 12 quilos de bicarbonato de sódio e 50 litros de um ácido ainda não identificado.
Três caminhões de transporte de leite foram apreendidos e o material será encaminhado para análise. O Ministério Público ainda não tem como informar se o produto adulterado foi consumido pela população.
De acordo com o MP-RS, a fraude foi detectada a partir de denúncia da Laticínios Bom Gosto (Grupo LBR). Três relatórios de um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento apontaram presença de água oxigenada, o que é proibido pelas normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
De acordo com os laudos, duas cargas de leite transportadas pela empresa do homem preso foram rejeitadas em 12 e 15 de outubro devido à presença de peróxido de hidrogênio.
Segundo o Ministério Público, a Comércio de Laticínios Mallmann Ltda também rejeitou uma carga em 14 de outubro. No laudo, o laboratório afirma: “Lembramos que análise positiva para peróxido de hidrogênio é fraude. Por meio da adição de peróxido de hidrogênio, uma ação fraudulenta ao leite, busca conservar suas propriedades físico-químicas, inibindo o desenvolvimento de microrganismos contaminantes. Esse tipo de fraude mascara deficiências da higiene nas etapas de ordenha, acondicionamento e transporte”.