Flávio Bolsonaro: investigações apontam movimentação financeira atípica na conta do parlamentar (Adriano Machado/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 13 de maio de 2019 às 17h55.
São Paulo — O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou nesta segunda-feira (13) que o senador Flávio Bolsonaro direciona seus esforços para interromper as investigações sobre movimentações financeiras atípicas em seu gabinete, quando ele ainda era deputado estadual no RJ.
Em nota enviada à imprensa, o órgão repudiou uma entrevista concedida pelo filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro para o jornal O Estado de São Paulo, veiculada na noite deste domingo (12).
Em sua declaração, o parlamentar afirmou que o MPRJ prepara manobra para dar “verniz de legalidade” à investigação envolvendo o caso de seu ex-assessor Fabrício Queiroz.
"O MPRJ reafirma que sua atuação é isenta e apartidária, pautada nas normas e princípios constitucionais, nos tratados internacionais de regência, na legislação vigente, nas resoluções e recomendações do Conselho Nacional do Ministério Público e na jurisprudência dos tribunais superiores", escreveu o órgão.
Flávio passou a ser investigado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificar movimentação de 1,2 milhão de reais em sua conta corrente e na de seu ex-assessor, Fabrício Queiroz.
De acordo com o MPRJ, o senador "é presença constante na imprensa, mas jamais esteve no MPRJ, apesar de convidado" para esclarecer as transações financeiras.
Durante a entrevista, Flávio negou que tenha pedido a seus funcionários parte do salário. Mas diz que Queiroz tem de se explicar: “Talvez tenha sido meu erro confiar demais nele”.
"O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) repudia com veemência as declarações de Flavio Bolsonaro, proferidas em entrevista divulgada pelos meios de comunicação social, no dia 12/05/2019. O MPRJ reafirma que sua atuação é isenta e apartidária, pautada nas normas e princípios constitucionais, nos tratados internacionais de regência, na legislação vigente, nas resoluções e recomendações do Conselho Nacional do Ministério Público e na jurisprudência dos tribunais superiores.
A infundada representação em face do Procurador-Geral de Justiça, imputando a divulgação de informações sigilosas, foi sumariamente arquivada pela Corregedoria Nacional do Ministério Público.
O relatório de inteligência financeira encaminhado pelo COAF, em janeiro de 2018, contendo diversas movimentações atípicas envolvendo assessores de parlamentares da ALERJ, foi mantido em absoluto sigilo no âmbito do MPRJ, sendo prova maior de sua neutralidade política a sua não malversação junto aos meios de comunicação como forma de interferir no processo eleitoral que teve curso no mês de outubro último. As investigações sigilosas somente ganharam notoriedade após a deflagração da Operação “Furna da Onça”, pelo Ministério Público Federal, em novembro de 2018, com a consequente juntada do relatório do COAF aos autos da respectiva ação penal.
O Senador Flavio Bolsonaro tem direcionado seus esforços para invocar o foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal ou mesmo tentar interromper as investigações, como o fez junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, fato amplamente noticiado nos meios de comunicação. O referido parlamentar não adota postura similar à de outros parlamentares, prestando esclarecimentos formais sobre os fatos que lhe tocam e, se for o caso, fulminando qualquer suspeita contra si. O Senador é presença constante na imprensa, mas jamais esteve no MPRJ, apesar de convidado".