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Movimentos sociais questionam legado dos Jogos Olímpicos

Representantes de universidades e movimentos sociais criticaram o que o Poder Público considera legado da Olimpíada


	Olimpíada: segundo os ativistas, esses projetos não conseguirão dar mais qualidade de vida à população mais pobre, que vive nos bairros mais afastados
 (Getty Images)

Olimpíada: segundo os ativistas, esses projetos não conseguirão dar mais qualidade de vida à população mais pobre, que vive nos bairros mais afastados (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2016 às 23h54.

Representantes de universidades e movimentos sociais que participam da Jornada de Lutas Contra Rio 2016, os Jogos da Exclusão, criticaram hoje (2) o que o Poder Público considera legado da Olimpíada, como as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), os corredores de ônibus BRT e a remodelação da zona portuária do Rio de Janeiro.

Segundo os ativistas, esses projetos não conseguirão dar mais qualidade de vida à população mais pobre, que vive nos bairros mais afastados. 

O evento de contraponto aos Jogos Rio 2016 ocorre até o dia 5 no Largo de São Francisco, em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi montado um palco e construída uma simulação de pista de corrida, com exposição de destroços de comunidades removidas recentemente para dar lugar às obras olímpicas.

“Em detrimento dos programas sociais, os acordos com as grandes empresas foram mantidos na Olimpíada. Mas cadê o projeto de urbanização das favelas, que foi prometido? Onde está o projeto de despoluição da Baía de Guanabara? Os projetos que beneficiariam a população foram abandonados, em troca dos acordos com os grandes grupos econômicos e as empreiteiras. Isso tudo demonstra que a Olimpíada é um grande negócio”, criticou o professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da UFRJ Orlando Santos.

Segundo ele, a maior parte das obras para a Olimpíada valorizou poucas regiões da cidade e acabou empurrando a população mais pobre para ainda mais longe.

“É preciso desconstruir essa ideia de legado, que é uma palavra mágica capaz de legitimar um projeto que não teve nenhuma discussão e nenhuma transparência. A gente percebe que a prioridade dos investimentos foi em três áreas da cidade: zona sul, área portuária e Barra da Tijuca. Tem um processo de elitização desses mesmos espaços, com a realocação das classes populares que habitavam esses lugares para a periferia. Um projeto que reproduz o modelo segregador”, destacou o professor.

Legado turístico

Mesmo obras de grande visibilidade, como o VLT, são contestadas pelos movimentos sociais, pois, segundo eles, não foram discutidas com a população e não conseguem atender à demanda real por transporte público no Rio.

“Queremos mostrar a realidade na cidade que está recebendo os Jogos Olímpicos. Eles poderiam ter sido realmente um fator de desenvolvimento da cidade, uma melhoria na vida dos moradores, mas a gente percebe que nenhum legado efetivo vai deixar. O VLT é um legado aparente, é um Veículo Leve para Turistas. Não tem nenhuma utilidade para o cidadão comum no centro, a não ser para os turistas”, disse o coordenador da Central dos Movimentos Populares, Marcelo Edmundo.

Na programação de amanhã (3) da Jornada de Lutas Contra Rio 2016 está o debate Cidade, Megaprojetos e Democracia, às 18h, com especialistas no assunto, incluindo o autor do livro Jogos de Poder: Uma História Política, o norte-americano Jules Boykoff.

A programação completa pode ser acessada no site medium.com/@jogosdaexclusao

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