Brasil

Movimentos sociais do campo unificam suas reivindicações

Intenção é estabelecer um programa único de ações destinado ao desenvolvimento rural


	Agricultores familiares acampam no Ministério do Desenvolvimento Agrário durante Jornada de Luta em Defesa da Agricultura Camponesa e do Meio Ambiente
 (Antonio Cruz/Abr)

Agricultores familiares acampam no Ministério do Desenvolvimento Agrário durante Jornada de Luta em Defesa da Agricultura Camponesa e do Meio Ambiente (Antonio Cruz/Abr)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 20h45.

Brasília - Os movimentos sociais que atuam nas áreas rurais do Brasil em defesa de camponeses, índios, pescadores e descendentes de escravos anunciaram nesta segunda-feira que unificarão suas reivindicações para ter mais força em suas manifestações e em possíveis negociações com o governo.

A união das forças sociais rurais foi anunciada em entrevista coletiva de dirigentes de várias organizações que aconteceu hoje em Brasília no 1º Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, que irá até quarta.

Segundo os líderes sociais, a intenção do encontro é estabelecer um programa único de ações destinado ao desenvolvimento rural e que sirva como alternativa ao modelo defendido pelo governo, que seria o da monocultura em grandes propriedades para a exportação.

Os elementos-chave no modelo que negociam os movimentos sociais são a reforma agrária, o fortalecimento da agricultura familiar, a demarcação das reservas indígenas e de terras dos descendentes de escravos, explicaram os dirigentes.

Participam do encontro em Brasília cerca de 5 mil representantes de grupos como o MST, a Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Via Campesina, o Movimento de Pequenos Agricultores, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e o Conselho Indigenista Missionário.

O representante da Via Campesina no Brasil, João Pedro Stédile, que durante muitos anos foi o principal líder do MST, afirmou que o Brasil precisa urgentemente reorganizar seu modelo de produção rural e deixar de incentivar os latifúndios destinados à produção de matérias-primas de elevada demanda no exterior como soja, milho, carnes, açúcar e etanol, entre outras.


''A reforma agrária é uma necessidade para o Brasil, mas ela está parada. Queremos que a agricultura seja organizada para produzir alimentos sadios, sem agrotóxicos e para o povo brasileiro'', afirmou Stédile.

''Para isso, é preciso garantir que o pobre e o sem-terra tenham terra e condições de produzir alimentos. Nesse modelo do agronegócio não há lugar para agricultores nem para pobres, que são expulsos'', acrescentou.

Segundo Stédile, atualmente vivem no campo 16 milhões de brasileiros em sua maioria pobres, dos quais 4 milhões são pequenos proprietários sem incentivos e outros 4 milhões são de famílias sem-terra.

''Nenhum programa de combate à pobreza e à miséria terá sucesso sem passar pela reforma agrária'', disse por sua vez o secretário de Política Agrária da Contag, William Clementino.

Segundo Clementino, enquanto os grandes agricultores destinam sua produção ao exterior, a agricultura familiar gera 75% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.

A representante da Federação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar, Elisângela Araújo, acrescentou que entre as reivindicações unificadas também se destacam a assistência técnica e o acesso a tecnologias para os pequenos produtores.

Os organizadores do encontro planejam encerrar seus trabalhos na quarta-feira com uma marcha entre o Parque da Cidade, onde estão acampados, e o Palácio do Planalto, onde esperam que a presidente Dilma Rousseff receba um documento com suas reivindicações.

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