Protesto contra a Copa: evento gastou R$ 33 bilhões dos cofres públicos (REUTERS/Joedson Alves)
Da Redação
Publicado em 7 de novembro de 2014 às 22h15.
Rio de Janeiro - A Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa e das Olimpíadas (ANCOP) publicou nesta sexta-feira no Rio de Janeiro um relatório no qual denuncia que o governo "violou os direitos humanos" durante a organização destes eventos.
Um dos aspectos citados pelo estudo desta organização, que aglutina vários movimentos sociais, é o impacto destes dois grandes eventos sobre a habitação, algo que, segundo suas investigações, significou o despejo forçado de cerca de 250 mil pessoas.
No relatório da ANCOP, denominado Dossiê Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil, também se vincula o nome das grandes construtoras que realizaram as obras das principais infraestruturas para a realização destes eventos com o financiamento das campanhas políticas de partidos políticos.
No âmbito do emprego, se argumenta que a participação dos cerca de 14 mil voluntários que colaboraram com a Fifa durante a Copa do Mundo viola a legislação trabalhista, que estipula que o voluntariado só é permitido em entidades públicas ou em instituições privadas sem fins lucrativos.
Segundo os cálculos desta organização social, na qual participam institutos de pesquisa e representantes de comunidades, a Copa representou uma despesa para os cofres do país de R$ 33,853 bilhões.
Do mesmo modo também criticam o baixo investimento privado, algo que, em sua opinião, o governo "superestimou" e indicam que o dinheiro público poderia ter sido investido em sanar um terço do déficit de leitos nos hospitais do país.
Em matéria ambiental, o relatório diz que não foram respeitadas as leis de impacto ambiental para a realização das obras e que também se produziram simplificações nos procedimentos de licitação para "os projetos de interesse público".
Outro aspecto destacado neste estudo é o legado sobre a estrutura esportiva do país, onde denunciam que, atualmente, muitos atletas brasileiros não podem treinar em instalações adequadas para os Jogos Olímpicos de 2016.
Além disso, a ANCOP também denunciou em seu relatório que, como consequência da organização destes eventos, aumentou o preço dos transportes públicos, uma das reivindicações que motivaram as grandes manifestações de junho de 2013.