Mourão: vice-presidente disse que tragédia poderia ser "ainda pior" (Valter Campanato/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2019 às 12h30.
Última atualização em 13 de abril de 2019 às 21h47.
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, comentou nesta sexta-feira, 12, em entrevista à Rádio CBN, a morte do músico Evaldo dos Santos Rosa a tiros pelo Exército no Rio: "sob forte pressão e sob forte emoção, ocorrem erros dessa natureza".
Ele ainda avaliou que os disparos foram "péssimos", já que os 80 tiros só atingiram uma pessoa dentro do carro. "Houve uma série de disparos contra o veículo da família, então você vê que foram disparos péssimos, né? Porque, se fossem disparos controlados e com a devida precisão, não teria sobrado ninguém, o que seria ainda pior a tragédia".
Ele comentou também que um processo militar foi aberto e que, uma vez comprovada a culpa dos militares envolvidos, as providências cabidas devem ser tomadas.
No domingo, 7, militares do Exército mataram um homem e feriram outro, depois de atirar em um carro nas imediações do Piscinão de Deodoro, em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro. O carro atingido teria sido confundido com o de bandidos que estavam agindo na região.
Os militares dispararam nada menos que 80 vezes contra o veículo, matando o músico Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos. O sogro de Evaldo também foi ferido, mas se recupera bem. Outras três pessoas que estavam no carro, entre elas a mulher do músico, não se feriram.
Na segunda-feira, 8, o Exército determinou a prisão de dez dos 12 militares que estavam na guarnição envolvida nos disparos. Segundo o Comando Militar do Leste (CML), eles foram presos em flagrante por descumprimento das regras de engajamento.
De acordo com o CML, foram constatadas inconsistências entre os fatos inicialmente reportados pelos militares envolvidos e as informações que chegaram posteriormente ao Exército.
As prisões foram determinadas depois de depoimentos dos militares envolvidos no episódio à Delegacia de Polícia Judiciária Militar e ao Ministério Público Militar.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse nesta quarta-feira, 10, que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) mandou apurar “o que tem que ser apurado” sobre os 80 tiros disparados por militares contra o veículo de uma família no Rio de Janeiro. “O presidente falou: apure o que tem que ser apurado”, disse Azevedo e Silva ao afirmar que disparar 80 tiros não é normal.